Conforme o promotor de justiça, João Linhares, os suspeitos de praticaram a intolerância religiosa podem pegar de 2 a 5 anos de prisão. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) pediu à Polícia Civil de Dourados uma investigação após ataques virtuais às religiões de matrizes africanas. O crime de intolerância religiosa aconteceu depois de corpos terem sido furtados de um cemitério, em Ponta Porã.
Conforme o promotor de justiça, João Linhares, a polícia do município irá ouvir os suspeitos e também testemunhas do crime para encaminhar o caso ao MPMS. Linhares esclarece que, se condenados, os suspeitos podem pegar de 2 a 5 anos de prisão, além de pagarem uma multa.
"As pessoas têm liberdade de expressão, de opinião, de críticas, mas essa liberdade não é absoluta, não é total. Então expressões de ódio, crimes dessa natureza são inadmissíveis, porque a liberdade de expressão não pode contemplar agressão e depreciação as outras pessoas. Essas pessoas que cometem esse tipo de delito estão sujeitas, não só as ações penais e possível penas privativas de liberdade, como também ações de danos morais coletivo e as multas são elevadíssimas", esclareceu o promotor.
Crime virtual
O crime virtual aconteceu após um cemitério, de Ponta Porã, ter dois corpos furtados na madrugada de domingo (19). Nas redes sociais de um site local, duas pessoas chegaram a insinuar que os suspeitos da violação de túmulo faziam parte de religiões pertencentes às matrizes africanas. Confira abaixo o post:
Em um dos comentários, feitos na publicação de um site local, os suspeitos chegaram a insinuar ato canibal
Redes sociais/Reprodução
"O cemitério representa toda a nossa ancestralidade e é um crime muito sério violar um túmulo, roubar um cadáver e também fazer algum trabalho nesse sentido. É tão sério para a gente que o nosso culto, a nossa crença, a nossa vivência, é justamente respeitar e cultuar a ancestralidade", afirmou o pai de santo, Moisés Giraldi.
Ao g1, Moisés explicou que as religiões de matrizes africanas sofrem ataques rotineiramente, já que as pessoas de outras religiões a associam a algo ruim.
"É um racismo, um preconceito. Todos aqueles que professam uma fé diferente, que tem uma visão diferente de vida, infelizmente são alvos de ataques. Se eu não conheço a sua religião, se eu não conheço sua fé, pode ser que pra mim ela não seja agradável. Então tudo aquilo que a gente coloca como um crime, uma agressão é mais fácil que seja do próximo do que da gente mesmo", lamentou o pai de santo.
Moisés afirma que, nesses casos extremos, é importante denunciar. "Devemos levar para a comunidade que a nossa religião não é dessa forma, que as pessoas podem ter a experiência de conhecer a espiritualidade e respeitar ela da forma que ela é", finaliza.
Outros ataques
Recentemente, ao homenagear o Candomblé, a cantora Anitta também foi alvo dos intolerantes religiosos. A artista chegou a perder 200 mil seguidores após a publicação do vídeo clipe 'Laroyê Exu'.
Anitta diz que perdeu 200 mil seguidores por clipe em homenagem ao candomblé; entenda
Laroyê é uma saudação a Exu, orixá mensageiro dos caminhos abertos. O orixá foi homenageado pela Grande Rio em 2022 e é equivocadamente associado à figura do diabo no imaginário cristão.