SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Trabalhadores das empresas de ônibus da cidade de São Paulo decidiram entrar em greve a partir desta sexta-feira (7).
A paralisação dos cerca de 60 mil motoristas, cobradores, mecânicos e outros profissionais do setor foi aprovada em assembleia ocorrida na tarde desta segunda-feira (3) em frente à prefeitura, na região central da capital paulista.
A promessa de interrupção do serviço por 24 horas é resultado do impasse nas negociações das chamadas pautas econômicas, como reajustes dos salários e benefícios, segundo o SindMotoristas, o sindicato dos trabalhadores do transporte rodoviário urbano paulistano.
Representantes dos profissionais e das dez empresas que operam o serviço na capital discutem essas questões desde o ano passado.
Se não houver acordo até a noite desta quinta (6), os ônibus deverão permanecer nas 38 garagens espalhadas pelo município a partir da 0h de sexta.
Em caso de decisão judicial que determine circulação parcial da frota, porém, a ordem será atendida, afirma Edvaldo Santiago da Silva, presidente do sindicato.
"Se houver decisão judicial [pela circulação parcial da frota], nós vamos atender no horário de pico, mas às 9h vamos mandar recolher", diz Silva. "Não estamos contra o Judiciário, mas queremos que entendam a situação da nossa categoria."
A decisão dos trabalhadores tomada nesta segunda porque precisa respeitar o prazo legal de 72 horas de antecedência para o início da greve.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse defender o direito à livre manifestação democrática desde que a legislação seja rigorosamente cumprida, com aviso prévio de 72 horas antes da paralisação e manutenção de uma frota mínima em horários de pico para reduzir o impacto junto à população.
A gestão Ricardo Nunes (MDB) diz que o efetivo da GCM (Guarda Civil Metropolitana) estará de prontidão para eventuais ocorrências e que os ônibus atendem a 7 milhões de passageiros na cidade.
"A administração municipal espera que os representantes da categoria e dos empresários encontrem um ponto em comum na campanha salarial sem prejuízo aos passageiros", afirma a prefeitura.
O SPUrbanuss, sindicato das empresas que operam os ônibus na capital, afirmou que as negociações ainda não foram encerradas.
"Assim, é totalmente inoportuna qualquer decisão sobre paralisação da operação do transporte de passageiros, um serviço essencial e estratégico, que pode causar sérios prejuízos à mobilidade dos paulistanos", diz a SPUrbanuss, em nota.
Os empregados pedem reajuste de 3,69% pelo IPCA (inflação oficial), mais 5% de aumento real e reposição das perdas salariais na pandemia na ordem de 2,46%, índice calculado com base em dados do Dieese.
É uma pedida superior aos 2,77% e recomposição da diferença pelo Salariômetro, que é um indicador medido pela Fipe, oferecidos pelo setor patronal. Essa proposta foi rejeitada em setembro pelos empregados.
Existem outros pontos na pauta dos trabalhadores, com destaque para reclamações quanto ao aumento da jornada, que passou de seis horas meia para oito horas efetivamente trabalhadas por dia, segundo o presidente do SindMotoristas.