Fernando Penna informou que, a princĂpio, todos os educadores da educação bĂĄsica, ensino superior, privado e pĂșblico podem participar. "Eles vão falar da sua experiĂȘncia, inclusive, aqueles que não viveram podem indicar que não passaram por nenhuma das situações descritas".
A pesquisa trabalharĂĄ com uma concepção de educadores que envolve todos os profissionais da educação, desde diretores, merendeiras, porteiros, tĂ©cnicos de assuntos educacionais, alĂ©m dos próprios professores. Ela poderĂĄ ser respondida por meio de formulĂĄrio online encontrado no site do observatório.TambĂ©m coordenador do NĂșcleo de Estudos em Educação DemocrĂĄtica da UFF, Fernando Penna disse que o questionĂĄrio poderĂĄ ser respondido atĂ© o final de julho. Em agosto, serĂĄ realizada a anĂĄlise preliminar das respostas, prevendo-se a divulgação dos resultados em setembro. "Nossa expectativa Ă© que, se a gente conseguir dados significativos sobre a violĂȘncia, eles possam ajudar na elaboração de polĂticas pĂșblicas pelo MEC e, tambĂ©m, pelos governos estaduais e municipais".
O Observatório vai ajudar na elaboração de um documento tĂ©cnico visando criar um canal de denĂșncias em parceria com o Disque 100. O acordo de cooperação com o MinistĂ©rio dos Direitos Humanos e da Cidadania prevĂȘ a elaboração de um protocolo especĂfico de encaminhamento de violações de direitos humanos de educadores e educadoras.
"Certamente, os dados da pesquisa vão contribuir para isso. O Disque 100 Ă© uma polĂtica pĂșblica muito importante. Vai ser ótimo ter um protocolo especĂfico para os professores e professoras reconhecidos como categoria vulnerĂĄvel no Disque 100", avalia Fernando Penna.
Outra grande ação do Observatório, segundo o professor Penna, Ă© a elaboração de protocolos de acolhimento jurĂdico e psicológico para educadores que sofrem violĂȘncia. "Em pesquisas anteriores, os educadores indicaram que o acolhimento jurĂdico e psicológico eram suas principais demandas. O Onve tem equipes jurĂdica e psicológica que estão trabalhando na elaboração desse protocolo, que deverĂĄ ser viabilizado em parceria com a sociedade civil e sindicatos, porque o observatório não tem estrutura suficiente para fazer esse acolhimento em nĂvel nacional. A gente vai discutir esse protocolo e fazer parcerias para que os grupos que defendem educadores possam implementĂĄ-lo", explicou.
A partir da pesquisa, serĂĄ criado um banco de dados para que possa ser feita uma estimativa do que acontece em todo o Brasil em termos de violĂȘncia contra os educadores. O Observatório traçou vĂĄrios cenĂĄrios para essa sondagem. O melhor deles engloba 3,5 mil respondentes. A expectativa Ă© positiva, segundo Penna, tendo em vista que em apenas duas semanas em campo jĂĄ responderam ao formulĂĄrio 400 educadores de vĂĄrias regiões do paĂs.
"Dependendo do nĂșmero de respondentes, a gente vai ter uma capacidade de realização maior por grandes regiões, por estados", disse Penna, defendendo a importância de se divulgar a pesquisa para que o nĂșmero de respondentes possa ser maior e maior tambĂ©m seja a avaliação.
Fernando Penna esclareceu que nesta sexta-feira foi o lançamento oficial da pesquisa com o MEC, mas jĂĄ tem sido apresentada em diversas localidades, visando conseguir o maior nĂșmero de respondentes.
Nesta quinta-feira (6), por exemplo, a campanha foi apresentada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em parceria com o gabinete da deputada Luciane Carminatti (PT), presidente da Comissão de Educação e Cultura da Alesc. Naquele estado, a pesquisa serĂĄ implementada pelo NĂșcleo de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às ViolĂȘncias na Escola (Nepre), que atuarĂĄ diretamente nos colĂ©gios.
"Se tivermos oportunidade, faremos mais apresentações em outros estados", assegurou o coordenador do Observatório.
VĂĄrias instituições participaram da elaboração da pesquisa, entre elas a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e a Universidade Federal do ABC (UFABC).
Durante o lançamento da pesquisa, o vice-reitor da UFF, Fabio Barboza Passos, salientou o aumento da violĂȘncia contra os professores nos Ășltimos anos. Por isso, disse ser importante que se discutam meios de minimizar essa questão e proteger os educadores, garantindo, ao mesmo tempo, que se tenha no paĂs uma sociedade que consiga trabalhar com o debate democrĂĄtico e a discussão de ideias.
O coordenador geral em PolĂticas Educacionais em Direitos Humanos do MinistĂ©rio da Educação, Erasto Fortes Mendonça, afirmou que desde o inĂcio compreendeu que o projeto sobre violĂȘncia contra educadoras e educadores "era de grande importância para nós que trabalhamos com educação em direitos humanos". Ele espera que a pesquisa possa subsidiar o MEC com dados concretos dessa perseguição e traga elementos suficientes para organização de uma polĂtica pĂșblica de proteção aos professores.
O observatório Ă© um projeto de extensão vinculado à Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), que reĂșne pesquisadores de diversas instituições de ensino e pesquisa, bem como estudantes de graduação e pós-graduação, e foi criado em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MinistĂ©rio da Educação (MEC).