O nível do rio Paraguai, a principal bacia do Pantanal, está 3,10 metros abaixo da média para o mês de junho, em Ladário (MS). As informações são do Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai, feito pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) e foram divulgadas nesta sexta-feira (14).
Os dados levam em consideração a régua de medição da cidade de Ladário, vizinha a Corumbá, conhecida como a capital do Pantanal. A região está no epicentro da temporada de fogo, que neste ano começou mais cedo no bioma.
Segundo dados do programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), só nos primeiros 12 dias deste mês, foram mais de 733 focos de calor no Pantanal, que fica entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. É o maior número de queimadas para um mês de junho desde o começo do monitoramento, em 1998.
Para o pesquisador responsável pelo boletim técnico do SGB, Marcus Suassuna, a seca no rio Paraguai é resultado da seguinte combinação: prolongamento do tempo seco em 2023 + baixas chuvas em 2024 + efeitos práticos do fenômeno El Niño.
"No começo deste ano, os níveis estavam muito baixos e a estação chuvosa foi toda muito fraca. A situação pode ficar mais grave entre setembro e outubro", disse.
Historicamente, junho seria marcado pelo início da vazante no rio. Porém, em 2024, o cenário é outro. De 9 de maio deste ano a 13 de junho, última medição, o nível do rio caiu 0,14 cm.
De acordo com os boletins do SGB, o rio tem registrado quedas ou estabilidade na medição há seis semanas. Em 13 de maio deste ano, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou "situação crítica de escassez" na bacia do rio Paraguai. Confira o gráfico abaixo: