O ex-policial militar Ronnie Lessa revelou, durante sua delação premiada à Polícia Federal, que a morte da vereadora Marielle Franco teve a ver com esquema de grilagem de terras e fraudes em um dos cartórios mais lucrativos do Rio de Janeiro. Lessa, que é acusado de executar a vereadora e seu motorista Anderson Gomes em março de 2018, detalhou como operava a fraude no 9º Registro Geral de Imóveis (RGI), na zona oeste, uma área já conhecida por disputas de terra e violência. Segundo ele, essa rede de corrupção estaria diretamente relacionada ao assassinato de Marielle, que era uma voz ativa contra a grilagem na região.
De acordo com Lessa, o esquema envolvia a regularização de terrenos adquiridos ilegalmente, com a ajuda de pelo menos três funcionários do 9º RGI, que recebiam propinas para facilitar o processo. Esses funcionários, descritos por Lessa como extremamente eficientes em “fazer miséria”, eram peças-chave na operação, garantindo que milicianos e paramilitares se beneficiassem da grilagem. Apesar das graves acusações, tanto a Associação de Registradores de Imóveis do Rio de Janeiro quanto o próprio cartório negaram veementemente qualquer envolvimento de seus funcionários com as atividades ilícitas mencionadas. A delação de Lessa levou à prisão de figuras políticas influentes, como os irmãos Chiquinho Brasão e Domingos Brasão, além do ex-chefe da Polícia Civil do Estado, Rivaldo Barbosa.
*Com informações do repórter Rodrigo Viga