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Albinismo, hibridismo e melanismo: Conheça as mutações genéticas presentes em animais de MS

O Pantanal abriga mais de 1,2 mil espécies de animais.

Por Midia NAS em 15/07/2024 às 22:08:41
O Pantanal abriga mais de 1,2 mil espécies de animais. Confira alguns exemplos e a explicação de alguns especialistas sobre essas mudanças biológicas e químicas. O hibridismo em araras é comum entre as vermelhas e canindé

TV Morena/Reprodução

Albinismo, hibridismo e melanismo, são algumas das alterações genéticas presentes em animais símbolos do Pantanal de Mato grosso do Sul que os tornam especiais. O bioma abriga mais de 1,2 mil espécies de animais, segundo estudiosos.

Ainda neste mês de julho, no município de Sonora, uma onça-preta e outra onça-pintada foram vistas juntas em uma estrada e, levantou debate nas redes sociais devido as cores.

De acordo com o veterinário Marcelo Mathias, a pelagem escura é consequência de uma mutação genética. A reportagem trouxe alguns exemplos e especialistas para explicarem sobre essas mudanças biológicas e químicas.

Albinismo

O albinismo é uma condição genética caracterizada pela ausência total ou parcial da tirosinase, que faz parte da síntese da melanina - proteína que dá cor à pele, pelos, cabelos e olhos e funciona também como uma proteção dos raios ultravioleta. De caráter recessivo, ela pode ser passada de geração a geração.

Com a pelagem totalmente branca, o veado-campeiro às vezes é visto com as orelhas queimadas pelo sol

Bruno Sartori/Arquivo

Em Miranda, um veado-campeiro albino se tornou uma "entidade" para o biólogo Bruno Sartori, que trabalha em uma Organização Não Governamental, voltada para a conservação. Com a pelagem totalmente branca, o focinho, ao redor dos olhos e orelhas são rosas e os olhos possuem uma mistura de azul e verde, uma combinação única.

"Foi um momento realmente especial, provavelmente o registro mais raro que eu já fiz na minha vida, de um animal aqui no Pantanal", afirma o biólogo.

O albinismo é uma condição genética caracterizada pela ausência total ou parcial da tirosinase

Daniela Sifuentes/Arquivo

Sartori explica que a aparição deste animal leva os pesquisadores a monitorarem para acompanhar o desenvolvimento da espécie na natureza.

"Tem uma combinação muito única, para isso efetivamente se manifestar. O que faz esse veado que tem aqui na Caiman, tão especial, é porque ele é o primeiro registro do veado-campeiro completamente albino. Já existiam outros relatos de alguns animais que tinham manchas brancas pelo corpo, que tinham ali esse gene aparecendo, mas os olhos mantinham coloração. Mas esse aqui é efetivamente o primeiro registrado com albinismo completo", diz Sartori.

Outro caso no cerrado, é de um tamanduá nomeado de Alvinho, monitorado por pesquisadores do Projeto Bandeiras em Rodovias do ICAS, em uma fazenda no distrito de Arapuá, a 300 quilômetros de Campo Grande.

Alvinho se protege do sol embaixo da árvore

TV Morena/Reprodução

Alvinho está em crescimento e é monitorado através de um colete. Os pesquisadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) afirmam que o tamanduá tem o mesmo comportamento de outros da mesma espécie, como dormir embaixo de uma sombra nos períodos quentes.

Em 2021, outro tamanduá albino apareceu na mesma fazenda, porém, foi encontrado morto. A hipótese dos pesquisadores é que a morte ocorreu por predação.

Elias Menossi de Lima, funcionário da fazenda, conta como foi a sensação de ver esses animais geneticamente diferentes. "A sensação de ver um animal diferente na natureza, é gostoso saber que é um bicho raro e tivemos muita sorte".

Além da observação, Mário Alves, médico-veterinário do ICAS explica que o instituto coleta amostras biológicas da pele, pelos e sangue para acompanhar a saúde e a genética do animal. Mário também afirma que o tamanduá tem grande probabilidade de ser irmão do anterior.

Hibridismo

Ara chloropterus

TV Morena/Reprodução

O Hibridismo acontece pelo cruzamento entre duas espécies diferentes, que na escala evolutiva, possuem características semelhantes.

A bióloga Neiva Guedes foi quem registrou a primeira híbrida de Campo Grande, em 2002, resultado do cruzamento entre as duas famílias de araras.

Com a cor alaranjada no peito, com misturas de arara-vermelha e canindé, o Instituto Arara Azul, em 2014, acompanhou um casal de araras híbridas e o nascimento de um filhote, que teve sucesso no seu voo. A partir desse episódio, o centro começou a monitorar os ninhos.

Em 2023, o instituto monitorou 3 ninhos com a presença de araras híbridas e, apenas um deles tiveram um filhote que sobreviveu. Larissa Tinoco, coordenadora de campo do Projeto Aves Urbanas, explica que o hibridismo é comum em cativeiro há quase um século pela intervenção humana e raramente de forma natural.

"Uma arara híbrida não é considerada uma nova espécie, porque no processo evolutivo, isso levaria milhares de anos e no processo, os indivíduos precisam cruzar entre si e gerar descendentes saudáveis e férteis, isso em várias gerações, o que não acontece com o hibridismo. Isso é uma forma de gerar novas espécies, mas que vai levar milhares de anos para acontecer", conta Tinoco.

Melanismo

Melanismo, é responsável pela produção excessiva da melanina.

Gato palheiro de Mato Grosso do Sul também tem melanismo

Eduardo Fragoso/Arquivo

No estado, há registros de uma gato-palheiro melânico, no Parque Estadual Várzeas do Rio Ivinhema. Segundo o biólogo Eduardo Fragoso, o melanismo ocorre com várias espécies e grupos do reino animal, como aves, anfíbios, répteis e mais comumente em mamíferos, principalmente nos felinos.

No parque, mais de 40% das onças-pintadas possuem melanismo. Uma delas, Guirigó, foi a primeira da espécie capturada pelo projeto Onçafari e conta com o monitoramento do biólogo. Cerca de 9% das onças-pintadas do continente americano possuem o melanismo, que as tornam totalmente pretas. "Não existe até hoje nenhum estudo científico que mostre que o meio ambiente seja prejudicado pela presença das onças-pretas e nem mesmo que o melanismo prejudique essa espécie", diz Fragoso.

"A gente fez o estudo tanto em forma de câmeras fotográficas quanto com colares GPS. Fazemos a captura, contenção desses animais, anestesiamos, coletamos várias amostras de sangue e de pelo para vários estudos científicos e nos interessa muito entender se existem diferenças entre essas duas formas de onças-pintadas", explica o biólogo.

Guirigó, onça monitorada por pesquisadores

Eduardo Fragoso/Arquivo

Saiba mais

Para entender mais sobre os processos de monitoramento e segurança dos animais, assista o programa +Natureza, uma produção da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC).

+ Natureza – sábado, 06/07/2024 - Mutações genéticas

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Tags:   Polícia
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