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Muhammad Yunus, ganhador do Nobel da Paz, vai liderar governo interino em Bangladesh

O ganhador do Nobel da Paz Muhammad Yunus, 84, foi designado para liderar o governo interino em Bangladesh, após a dissolução do Parlamento e a fuga da premiê, Sheikh Hasina.


O ganhador do Nobel da Paz Muhammad Yunus, 84, foi designado para liderar o governo interino em Bangladesh, após a dissolução do Parlamento e a fuga da premiê, Sheikh Hasina. A decisão de formar um governo interino chefiado por Yunus foi tomada durante reunião entre o presidente Mohamed Shahabuddin, comandantes militares e os estudantes que lideraram os protestos deste mês, informou a presidência do país. “O presidente pediu ao povo que o ajude a superar a crise. Para isso, é necessária a rápida formação de um governo interino’, acrescenta o comunicado. Muhammad Yunus havia dito hoje (6), à AFP, que estava disposto a chefiar um governo interino. O economista, 84, é conhecido por ter tirado milhões de pessoas da pobreza por meio da concessão de microcréditos, uma iniciativa pela qual recebeu, em 1988, o prêmio Príncipe das Astúrias da Concórdia e, em 2006, o Nobel da Paz.

Sheikh Hasina o acusou de “sugar o sangue” dos pobres. Nahid Islam, líder do coletivo de estudantes, confirmou a decisão e descreveu as conversas como “frutíferas”. O presidente Shahabuddin concordou que o governo interino “seja formado o quanto antes”, informou. Mohamed Shahabudin destituiu o comandante da polícia nacional, após as manifestações sangrentas que levaram à fuga da premiê, informaram seus serviços. O presidente também dissolveu o Parlamento, uma das principais exigências dos estudantes, compartilhada com a principal formação de oposição, o Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP, na sigla em inglês). Sheikh Hasina, 76, estava no poder há 15 anos, mas seu último mandato como primeira-ministra, que começou em janeiro, foi marcado pelo boicote da oposição às eleições, que as denunciou como nem livres, nem justas.

A premiê acabou renunciando e fugiu ontem do país, pressionada por uma onda de protestos que começou no mês passado, com um movimento estudantil contra um sistema de cotas para funcionários, mas que evoluiu para uma mobilização mais ampla contra o governo. O comandante do Exército, general Waker Uz Zaman, anunciou ontem que os militares formariam um governo interino. O Exército reestruturou nesta terça-feira a cúpula militar e destituiu altos comandantes considerados próximos de Hasina. A força também retirou do cargo Ziaul Ahsan, um oficial envolvido no Batalhão de Ação Rápida, uma força paramilitar sob sanções dos Estados Unidos, por acusações de violar os direitos humanos. Desde o início das mobilizações, 432 pessoas morreram, segundo relatórios da polícia, autoridades e médicos em hospitais, e que terminou com a fuga de Hasina em um helicóptero. Os distúrbios e confrontos deixaram, ontem (5), 122 mortos.

Apesar de a situação ter se acalmado, com a reabertura do comércio e o levantamento do toque de recolher, houve um registro de dez mortes. No fim desta segunda-feira, o chefe de Estado ordenou a libertação das pessoas detidas durante as manifestações e da principal rival política de Hasina, a ex-primeira-ministra Khaleda Zia, do BNP, que esteve anos em prisão domiciliar. Em comunicado divulgado, o principal sindicato da polícia pediu “desculpas” por ter disparado contra estudantes. A federação afirmou que os policiais foram obrigados a “abrir fogo” contra os jovens e que, depois, foram apresentados como os “vilões”. Também anunciou uma greve para garantir a segurança dos efetivos. Milhões de pessoas tomaram as ruas de Daca, a capital, após a renúncia de Hasina. Os manifestantes invadiram o Parlamento e incendiaram estações de televisão, e alguns destruíram estátuas do pai de Hasina, Sheikh Mujibur Rahman, que liderou a luta pela independência contra o Paquistão em 1971.

*Com informações da AFP

Publicado por Marcelo Bamonte

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