Com o Estado concentrando cerca de 78% das lavouras de cana-de-açúcar que ficam localizadas na região Cone Sul, um dos produtos fruto dessa indústria que tinha um dos preços mais atrativos em Mato Grosso do Sul, o etanol, é impactado até mesmo pelos efeitos e ameaças das geadas.
Ao todo, como aponta o perfil do setor, detalhado pela Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (BioSul), o Estado conta com 18 unidades formando a indústria sucroenergética de MS, com todas produzindo etanol hidratado e gerando bioeletricidade.
Ainda, desse total:
Apesar da força em MS, o insumo que sai dos canaviais ainda tem suas vulnerabilidades, como bem esclarece a União Nacional da Bioenergia (UDOP), volátil tanto às intenções do mercado como também às alterações climáticas, é o que indica relatório recente da Hedgepoint Global Markets, especializada em gestão de risco, inteligência de mercado, com experiência em mercados agrícolas e de energia.
Antes do último fim de semana, o portal especializado ClimaTempo já adiantava para as geadas que, além da metade sul de Mato Grosso do Sul, estavam previstas para atingir também o sudoeste do Paraná e centro-sul do Estado de São Paulo.
Conforme monitoramento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), sobre a ocorrência de geadas nos últimos cinco dias, em Mato Grosso do Sul os seguintes municípios tiveram possível ocorrência, com temperaturas abaixo de 3 °C:
Porém, ao que tudo indica os danos foram menores que o esperado, uma vez que, conforme o UDOP, essas geadas foram menos intensas e duradoras, apesar de ser um "fantasma" que ainda deve assombrar as regiões até essa quarta-feira (14).
Levantamento de preços recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nas Capitais, aponta que o valor médio de revenda do etanol em Campo Grande, entre os dias 28 de julho e 03 de agosto, bateu R$ 3,72.
Em comparativo mensal, após os 31 dias de julho os valores registraram aumento de 4,5% no preço médio de revenda do etanol, enquanto o balanço comparando com os preços das primeiras semanas de junho indica elevação de 6,5% em dois meses no combustível.
Durante a 5ª edição do evento Visão Agro, da qual o Correio do Estado participou in loco, na sede da instituição, em São Paulo, a previsão repassada pelo setor é que o combustível, "com preços atrativos em Mato Grosso do Sul" está com os dias contados.
Aproveitando que, pelo menos até meados de setembro, Mato Grosso do Sul deve seguir sentindo efeitos de estiagens e baixas temperaturas, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), indica medidas para minimizar os reflexos das alterações climáticas.
Como, segundo o assessor técnico do Sistema Famasul, Dorly Pavei, as mais folhosas tendem a ser mais vulneráveis que outras culturas, o principal cuidado dos produtores no período deve ser para com a irrigação, por ser um período muito seco.
"É necessário suplementar a quantidade de água para as plantas. Para se prevenir contra as geadas, o sistema de irrigação por aspersão auxilia nesse processo, mas não garante que a planta não sofra. Investir em sistemas de cultivo protegido também é uma saída", complementa Dorly.