SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A ginasta Jordan Chiles, dos EUA, lamentou ter ficado sem sua medalha de bronze no solo da ginástica artística. Ela foi anunciada no pódio na prova vencida por Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Paris, mas perdeu a posição após reavaliação nas notas.
O QUE ELA DISSE
"Estou impressionada com o amor que recebi nos últimos dias. Enquanto comemorava minhas conquistas olímpicas, ouvi a notícia devastadora de que minha medalha de bronze havia sido retirada. Eu tinha confiança no recurso interposto pela USAG, que deu evidências conclusivas de que minha pontuação seguiu todas as regras. Este recurso não teve sucesso. Não tenho palavras. Esta decisão parece injusta e é um golpe significativo, não apenas para mim, mas para todos que defenderam minha jornada", escreveu Chiles nas redes sociais.
Desgosto: "Para aumentar o desgosto, os ataques raciais espontâneos nas mídias sociais são errados e extremamente dolorosos. Eu coloquei meu coração e alma neste esporte e estou muito orgulhosa de representar minha cultura e meu país".
Valores: "Nunca vou vacilar em meus valores de competir com integridade, buscando a excelência, defendendo os valores do espírito esportivo e as regras que ditam a justiça. Tenho orgulho de torcer por todos, independentemente do time ou país. Encontrar alegria novamente foi uma mudança de cultura e adoro ver os outros adotá-la. Sinto que dei a todos permissão para serem autênticos com quem são".
Justiça: "Acredite em mim quando digo que tive muitos desafios. Abordarei esse desafio como fiz com outros, e farei todos os esforços para garantir que a justiça seja feita. Acredito que, no final desta jornada, as pessoas no controle farão a coisa certa".
ENTENDA O CASO
A Corte Arbitral do Esporte (CAS) negou na última segunda-feira (12) o pedido dos Estados Unidos para reaver a medalha de bronze de Jordan Chiles. A Confederação de Ginástica Artística dos EUA informou sobre a decisão em seu site oficial.
Um dia antes, a USA Gymnastics havia enviado o pedido de revisão após o CAS ordenar, após reavaliação das notas, que Jordan Chiles devolvesse a medalha de bronze à romena Ana Barbosu. Segundo a organização dos EUA, o Tribunal Arbitral do Esporte disse que as regras não permitem a reconsideração de uma sentença arbitral, mesmo quando novas evidências conclusivas são apresentadas. No domingo, os EUA enviaram um vídeo ao CSA para tentar provar que pediram a revisão da nota de Chiles dentro do prazo estabelecido.
Os Estados Unidos afirmaram ainda que continuarão 'buscando' todos os meios e processos de apelação possíveis, incluindo o Tribunal Federal Suíço', para reaver a medalha de Chiles.
A classificação da prova do solo teve polêmica. De acordo com as notas iniciais, a romena Ana Barbosu ficaria com o terceiro lugar, mas a comissão técnica dos EUA pediu uma revisão da apresentação de Chiles ainda no ginásio. Com isso, a norte-americana subiu de 13.666 para 13.766 e foi ao pódio.
A Federação da Romênia, porém, contestou a mudança alegando que o recurso original foi registrado quatro segundos depois do limite de tempo, que estabelece prazo de um minuto após a divulgação da nota. Com a decisão da CAS favorável à Romênia, Chiles teria de devolver a medalha de bronze, herdada então por Barbosu, que ficou em quarto lugar.
Em resposta, os EUA protocolaram uma carta oficial em que dizem ter provas de vídeo de que o pedido de revisão de nota foi feito, sim, a tempo (mais precisamente, com 47 segundos). Isso, porém, não foi reconsiderado.
O solo foi a apresentação que deu o título olímpico para a brasileira Rebeca Andrade. A prata ficou com Simone Biles. Tanto ela quanto Chiles fizeram uma reverência a Rebeca no pódio, que tornou a imagem uma das mais icônicas dos Jogos de Paris e da história.