RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Moradores do Acre e de Rondônia ficaram sem energia elétrica na tarde desta quinta-feira (22) após a queda do sistema de transmissão que liga as hidrelétricas do rio Madeira à região Sudeste.
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) diz que a causa do incidente ainda não foi identificada. A região passa por severa estiagem, com impacto na capacidade de geração de energia, e tem registrado recordes de consumo de eletricidade.
Segundo o ONS, às 16h47 desta quinta houve interrupção no fornecimento de cerca de 980 MW (megawatts) aos dois estados. O corte foi provocado por perda no sistema de transmissão em corrente contínua do complexo Madeira e do sistema que liga Rondônia ao Acre.
"O ONS ainda aguarda informações dos agentes para analisar a causa", afirmou o operador. "As equipes do ONS e dos agentes estão dedicadas para a retomada do serviço à sociedade com segurança, no menor tempo possível."
O ONS diz que a recomposição do sistema teve início às 17h10 e seguia em andamento até 19h30, quando a última atualização foi enviada à reportagem. Até aquele momento, cerca de 691 MW, ou 70% da carga cortada, já haviam sido recompostos.
A Energisa, responsável pelo abastecimento de energia nos estados diz que o apagão afetou cerca de 218 mil clientes no Acre e cerca de 572 mil clientes em Rondônia. Os números correspondem, respectivamente, a 75% e 84% da base de clientes dos estados.
Em nota, afirmou que o corte no fornecimento foi causado por um "problema externo" e que vinha aguardando instruções do ONS para iniciar a recomposição.
O MME (Ministério de Minas e Energia) abriu uma sala de situação, com participação do ONS e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Em nota, disse que "as condições de atendimento do sistema elétrico brasileiro permanecem confiáveis em todo território nacional".
Nas redes sociais, moradores reclamavam da falta de energia em um dia quente na região. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Metereologia), os termômetros passaram dos 35°C nos estados afetados. A divisa entre Rondônia e Mato Grosso, por onde passa a linha de transmissão, estava sob alerta de grande perigo pela onda de calor.
A seca no Norte do país vem reduzindo a capacidade de geração das hidrelétricas locais e é motivo de preocupação entre autoridades do setor elétrico brasileiro, que já propõem o uso de mais térmicas para poupar água nos reservatórios da região.
Nesta quarta-feira (21), a região teve o segundo recorde consecutivo no consumo de energia, batendo a marca de 8.353 MW médios. O recorde anterior, de terça (20), havia sido de 8.296 MW médios.
Por outro lado, a produção das hidrelétricas da região oscila nos últimos dias abaixo da metade do volume registrado no mesmo período do ano anterior. Na quarta, por exemplo, foram 2.651 MW médios, ante 6.162 MW médios no dia 22 de agosto de 2023.
Excluindo Roraima, todos os outros estados da região Norte são interligados ao sistema nacional de transmissão de energia e vêm recebendo energia de outras regiões, principalmente a Nordeste, como reforço para garantir o consumo.