Após a repercussão de áudios que vazaram durante as eleições, no dia 6 deste mês, em Miranda, a 208 quilômetros de Campo Grande, a autora das falas se disse arrependida do que acabou falando. Na manhã desta terça-feira (8), indígenas fizeram protestos.
Nos áudios vazados, a mulher fala que tem nojo de índio e que índio é preguiçoso. "Aqui em Miranda o que mais tem é índio traíra. Você dá cinco quilos de arroz, o outro vai lá e dá seis quilos, ele vira na hora, na hora ele já está votando contra. E você sabe que aqui nós somos rodeados de aldeia, índio, índio falso, bugrada, sem vergonha e inútil. Eu sou índio, mas eu tenho nojo de índio. Esses bugres, tinha que amarrar um por um pelo pescoço e pendurar. E ainda a gente perde a força, ainda que essa bugrada seja vergonha. Fora os falsos que estavam dentro, entendeu?".
Em outro áudio a mulher diz: "Eu não tenho dor dessa bugrada aqui não, entendeu? Vão bom para cima, vão meter o louco nessas imundícias aí. E eu vou cobrar, vou meter a boca no trombone, vou cobrar principalmente a saúde aqui em Miranda, que é uma bosta, entendeu? Minha mãe toma dois remédios de uso contínuo".
"Aí vem essas cambadas de sem vergonha que tem que comer arroz e ovo, ainda arroz é muito mesmo. Tem que dar só ovo para esses lagartos traíra sem vergonha, cambadas de fila das putas, safado. Eu tenho nojo, eu tenho nojo, eu tenho ódio, eu chego ferver dessa bugrada sem vergonha", termina falando a mulher.
Na delegacia, ela se disse arrependida do que havia acontecido. A mulher falou que foi um momento infeliz e atribuiu a atitude ao calor da emoção. Ela ainda falou que mandou outro áudio em que pedia desculpas.
Indígenas de comunidades de Miranda, a 200 quilômetros de Campo Grande, protestam pelas ruas principais da cidade, na manhã desta terça-feira (8), pedindo respeito após um caso de racismo durante as eleições de domingo (6), por supostos apoios aos candidatos para vereadores.
Segundo o cacique da Aldeia Lalima, João Batista, a comunidade indígena da cidade foi ofendida com comentários de cabos eleitorais de candidatos à Câmara de Vereadores. O grupo iniciou o manifesto na praça principal.
Segundo um apoiador da causa, Danilo Roberto Assis Arguelho, houve registro de um boletim de ocorrência. Além disso, o manifesto reúne quase mil pessoas.
"Estamos fazendo uma manifestação para que possamos pedir o respeito tanto dos povos indígenas, negros, quilombolas e todas as etnias e pessoas de todas as classes", disse.