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Uma visita com jeito de despedida

Desde que foi eleito em 2020, o presidente norte-americano Joe Biden, fez questão de refazer pontes que haviam sido interditadas durante o governo de seu antecessor, Donald Trump.

Por Midia NAS em 18/10/2024 às 21:25:13

Desde que foi eleito em 2020, o presidente norte-americano Joe Biden, fez questão de refazer pontes que haviam sido interditadas durante o governo de seu antecessor, Donald Trump. Sendo um político de grande experiência, Biden, sempre soube que muito do que a América se tornou seja na sua independência no final do século 18, seja na sua alçada como principal potência mundial no mundo pós 1945, se deve aos seus aliados europeus ocidentais, que com uma conduta, princípios e valores parecidos sempre foram o amparo da América na europa.

Como congressista e principalmente como vice-presidente na era Obama, Biden, fez questão de ressaltar a importância de ter uma aliança transatlântica forte para que a América mantivesse seu status quo perante as demais nações do planeta. Essa filosofia, todavia, foi claramente abandonada por Donald Trump entre 2017 e 2021, que não apenas fez poucas visitas de estado aos seus aliados europeus, como também os ameaçou abandonar dentro da OTAN caso não houvesse mais financiamento por parte dos países membros.

Naquele período, a Europa pelo menos tinha uma liderança interna forte, já que a chanceler alemã Angela Merkel, mesmo com o autodistanciamento imposto pelos Estados Unidos, conseguiu manter a Europa unida, as relações com os americanos de maneira cordial e aos poucos ocupar o lugar de protagonismo nas conversas entre ocidente e o os seus rivais ideológicos e econômicos como a China e a Rússia. Com a saída de Trump em 2021, também tivémos a saída de Merkel no final do mesmo ano, fazendo com que muitas dúvidas surgissem, mas que fossem rapidamente sanadas com faces já conhecidas.

Os Estados Unidos teriam como presidente, um político de 50 anos de experiência, incluindo 8 anos na vice-presidência. Os europeus em um momento, no qual a liderança alemã carecia carisma e força com Olaf Scholz, gradualmente foi passando as funções mais importantes dentro do bloco ao jovem presidente francês, Emmanuel Macron, que mesmo não sendo consenso em sua representatividade como foi Merkel, conseguiu de forma tranquila representar os interesses europeus para o resto do mundo, mesmo com uma guerra em seu quintal.

Hoje Joe Biden esteve em Berlim e inicialmente se encontrou com o presidente da República Federativa da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que ressaltou que a eleição de Biden restaurou a aliança transatlântica da noite para o dia. Mais tarde o presidente norte-americano se encontrou com o chanceler Olaf Scholz, e em seguida o presidente francês Macron e o premiê britânico Keir Starmer.

Em todos esses encontros o objetivo era traçar em conjunto com as três maiores economias europeias, o futuro do continente no que diz respeito à Ucrânia, além de possíveis mediações no Oriente Médio, seja em Gaza, Israel ou Líbano. De qualquer maneira, essa que tende a ser a última visita do presidente estadounidente à Europa antes das eleições americanas, terminou com um ar de despedida e de incerteza sobre os dias futuros.

Se Merkel supriu a falta americana e Biden, seguindo a política externa tradicional americana, conseguiu suprir a falta de um líder europeu forte, o ano de 2025 mais nos apresenta incógnitas do que nos traz convicções. As eleições americanas em menos de 3 semanas estão extremamente acirradas e a chance de vitória de Donald Trump e a volta de uma política severa para com os aliados, é a mesma que o jogar de uma moeda.

Caso Trump volte, quem careceria um líder forte para representar os interesses europeus é a própria Europa, já que Olaf Scholz já mostrou não dar conta dos desafios de seu trabalho, Keir Starmer longe da União Europeia tem pouca influência, e Macron terá um ano legislativo na França extremamente complexo de se manter.

No caso de vitória democrata e a relativa permanência do status quo com Biden, vemos que Kamala Harris por ser de outra geração e representar outra série de valores, poderia, caso governe com sua própria filosofia, mudar muitos parâmetros da relação americana para com o mundo. O que podemos concluir nesse cenário de dúvidas são duas coisas. Primeiramente, que hoje o sentimento foi de despedida em Berlim, e segundo, que dia 05 de novembro cada um dos líderes europeus estará com os olhos vidrados na apuração pelos 50 estados americanos.

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