A PolĂcia Civil de Aquidauana - distante 140 km de Campo Grande - estĂĄ investigando possĂvel compra de votos que teria sido praticada pelo candidato eleito vereador (537 votos), Edenilson Dittmar JĂșnior (PL).
Conforme documentos e vĂdeos obtidos pela reportagem do Jornal Midiamax, tudo começou com denĂșncia de extorsão, mas que revelou possĂvel esquema de compra de votos, que teria ocorrido em uma residĂȘncia no Bairro São Pedro, no dia 2 de outubro.
Uma vizinha notou a movimentação suspeita de eleitores e do candidato no local. Então, pegou gravação das câmeras de segurança.
Ao observar as imagens, ela percebeu que, no dia anterior, um Fiat Argo preto havia parado com o porta-malas virado para o portão e, logo, vĂĄrias pessoas se aglomeraram no local. Então, percebeu que havia distribuição de sacolão e que duas pessoas que saĂram sem a cesta estavam revoltadas.
Assim, a vizinha identificou as pessoas no vĂdeo e conversou com elas. As duas mulheres disseram que só poderiam pegar o sacolão "quem estava com o Dittmar". À polĂcia, ela declarou que entrou em contato com um outro candidato que conhecia, Renato Amorim (PL), que acabou o pleito como suplente.
Compra de votos no meio da rua, diz denunciante
Dessa forma, a denunciante afirmou que no dia 2 de outubro viu movimentação de eleitores e a pessoa de Claudio dos Reis Alviço, que Ă© diretor do presĂdio de Aquidauana e atuou na campanha de Dittmar. De acordo com as imagens, ele estĂĄ com uma bolsa. A mulher relata que viu o momento em que Claudio abre a bolsa que estaria cheia de dinheiro e entrega dinheiro para a filha da moradora (da casa ao lado) e para um rapaz. Nesse momento, uma viatura da PM passa pelo local e apenas cumprimenta ClĂĄudio.
Em outro momento naquele mesmo dia, um Onix branco estacionado na frente da casa que ocorreu toda a movimentação. Em determinado momento, Ă© possĂvel ver o próprio candidato abrindo a porta, pegando algo e entregando para um homem.
Apreensão de imagens
Com a denĂșncia, a polĂcia conseguiu ordem judicial para realizar a apreensão das imagens para anĂĄlise. Depois, ouviu todos os envolvidos.
Em depoimento, ClĂĄudio disse que no local ocorria uma reunião polĂtica de Dittmar e que a bolsa que estava era de uma outra pessoa, que trabalhava na campanha do candidato. PorĂ©m, ele alegou que foi apenas pagar um entregador de açaĂ que precisava trocar uma nota de R$ 100 que havia recebido de um cliente.
Então, diz que conversou com a vizinha e ficou sabendo que ela teria gravado a suposta compra de votos. Depois, marcaram de conversar ao que alega ter sido chantageado, falando que a mulher pediu emprego para sua filha, mas ClĂĄudio afirma que não aceitou.
À polĂcia, o diretor da penitenciĂĄria disse que uma assessora de Dittmar recebeu ligação de Renato Amorim, dizendo que precisavam conversar. No encontro, ele teria pedido R$ 250 mil para não divulgar o vĂdeo.
Ao Jornal Midiamax, ClĂĄudio negou que houve compra de votos: "Não existe esquema nenhum de compra de votos, lamentĂĄvel isso".
JĂĄ o candidato Renato Amorim confirmou à polĂcia que recebeu os vĂdeos com a suposta compra de votos e que, diante disso, denunciou para a polĂcia e para o sistema de denĂșncias da Justiça Eleitoral. Por fim, declarou que passou a sofrer ameaças após obter as imagens.
A reportagem procurou Amorim para comentar o ocorrido, mas as ligações não foram atendidas e não obtivemos respostas por mensagens tambĂ©m. O espaço segue aberto para posicionamento.
A investigação tambĂ©m ouviu o candidato Edenilson Dittmar, que negou que tenha ocorrido compra de votos e afirma que ficou sabendo que Renato Amorim teria exigido R$ 250 mil para não divulgar os vĂdeos. Disse que assim que ficou sabendo, procurou a polĂcia.
A reportagem tentou contato com Dittmar, na manhã de segunda-feira (21), que apenas exigiu as credenciais da reportagem. Após a comprovação, disse que iria "verificar" e retornar, o que não ocorreu atĂ© esta publicação. No entanto, o espaço segue aberto para manifestação, que pode ser incluĂda após a veiculação da reportagem.
O delegado responsĂĄvel pela investigação, LuĂs Fernando Domingos Mesquita, disse à reportagem que o inquĂ©rito corre em sigilo e que ao fim das apurações irĂĄ encaminhar o caso ao MinistĂ©rio PĂșblico.