Em delação, empresário denuncia esquema de corrupção em gestão do PSDB em Maracaju
Delator da Tromper narrou ao Gaeco desvio de dinheiro para casas populares no município
O empresário Milton Matheus Paiva denunciou esquema de corrupção na gestão do PSDB em Maracaju, cidade a 160 km de Campo Grande, administrado pelo prefeito Marcos Calderan reeleito. O empresário fechou acordo de delação premiada com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) após a Operação Tromper que investigou esquema de corrupção comandado por Claudinho Serra enquanto era secretário em Sidrolândia.
"Pupilo" do PSDB que assumiu cadeira na Câmara de Campo Grande, Claudinho se tornou réu por chefiar o esquema de corrupção. Milton fechou o acordo para relatar o que sabe sobre o esquema de corrupção em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande.
Em depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Milton descreveu esquema de desvio de dinheiro para casas populares que teria acontecido em Maracaju.
Os fatos citados pelo empresário da 3M são do final de 2022, quando Calderan já respondia como prefeito do município. O prefeito do PDSB é apadrinhado político do presidente estadual do PSDB, Reinaldo Azambuja que participou ativamente da campanha de reeleição de Calderan.
Materiais para casas populares nunca foram entregues
Segundo declarado por Milton aos investigadores do Gaeco, a empresa dele e a de Ricardo José Rocamora venceram uma licitação para materiais de construção, para construção de casas populares.
Nesse contexto, ele citou algumas situações as quais tem conhecimento e provas de pagamentos feitos pela prefeitura por materiais que não foram fornecidos. E afirmou que tudo foi com aval do então diretor de licitação da época, Volnei Rogério Lange.
Uma das situações relatadas é que houve pedido a mais na compra de madeira e que a Prefeitura de Maracaju teria pago cerca de 50 mil reais em madeira que nunca foi entregue.
"Ricardo começou a fazer trocas, emitia notas e não entregavam madeiras, sacavam o dinheiro e entregava para Volnei", relatou Milton ao Gaeco.
Conforme Milton, esse valor teria sido utilizado para comprar um carro HRV para a filha de Volnei. A diferença do valor foi paga com um veículo Onix.
Ainda segundo a delação, o próprio Milton descreveu duas ocasiões em que fez repasses de dinheiro em espécie para Volnei. Uma delas de R$ 7 mil, que foram por materiais pagos pela prefeitura, mas que nunca foram entregues.
O Jornal Midiamax acionou o prefeito de Maracaju sobre a situação. Por mensagem, declarou que as informações sobre a delação são novas. "Não tenho nada para dizer ainda, porque nem sei o que vai acontecer daqui para frente, vou me situar. Então, a única coisa que eu posso te dizer é que eu estou surpreso com essa situação", disse.
Acordo de delação
A Justiça homologou acordo de delação premiada com o empresário e advogado Milton Matheus Paiva Matos sobre esquema de corrupção que seria chefiado pelo vereador licenciado de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB). Assim, ele será o segundo delator do escândalo revelado pela Operação Tromper.
Conforme documento assinado pela promotora de Justiça, Bianka M. A. Mendes, com a homologação, todos os acusados deverão ser interrogados novamente. Para isso, deverá ser designada nova audiência. "Visando assegurar o princípio da ampla defesa, imprescindível a realização de novo interrogatório, estendendo-se a mesma oportunidade aos demais acusados".
Milton é proprietário da empresa 3M Produtos e Serviços LTDA e, recentemente, se livrou da tornozeleira eletrônica, assim como os demais investigados.
Além disso, a empresa teve o montante de R$ 532.735,60 bloqueados, além da restrição de venda do veículo GM S10 2.8. O mesmo valor também foi bloqueado da conta pessoal de Milton, além da restrição de veículo em seu nome: Toyota Corolla Altis.
Vereador do PSDB comandou esquema de corrupção em Sidrolândia
O parlamentar é ex-secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia. Está implicado nas investigações da 3ª fase da Operação Tromper, deflagrada pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Claudinho Serra e outros 21 viraram réus, em 19 de abril, após o juiz da Vara Criminal da comarca de Sidrolândia, Fernando Moreira Freitas da Silva, aceitar a denúncia apresentada pelo MPMS.
Investigações do Gecoc e delação premiada do ex-servidor Tiago Basso da Silva apontam supostas fraudes em diferentes setores da Prefeitura de Sidrolândia, como no Cemitério Municipal, na Fundação Indígena, abastecimento da frota de veículos e repasses para Serra feitos por empresários. Os valores variaram de 10% a 30% do valor do contrato, a depender do tipo de "mesada".