O decreto 67.299 basicamente só restabelece regramentos anteriores de uso de máscara em transportes públicos e em locais que prestam serviços de saúde.
A medida é tomada em um momento de aumento de casos de Covid no Brasil e também no estado. Em São Paulo, nesta semana, o crescimento da média móvel de infecções, em relação ao dado de duas semanas antes, ultrapassou 70%, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa.
Há percepção semelhante nos dados levantados pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo. Foi percebido um aumento de atendimentos, em novembro, de pacientes com suspeita de Covid, apesar de casos não apresentarem gravidade, de forma geral. De toda forma, as internações tiveram um aumento relativamente pequeno.
No início de novembro, o governo do estado emitiu um alerta sobre o aumento de internações em UTI.
Especialistas avaliam que a medida é acertada, porém, que poderia ter sido tomada antes. A Copa do Mundo e as festividades de fim de ano também podem contribuir com a subida de casos.
A máscara ficou pouco tempo fora do rosto das pessoas que usam o transporte público paulista. A obrigatoriedade da proteção caiu em setembro.
O aumento de casos de Covid no Brasil como um todo –o crescimento da média móvel ultrapassou 300%– também levou ao retorno da obrigatoriedade do uso de máscaras em aviões e aeroportos nesta sexta-feira.
O retorno da obrigatoriedade não é a única ação tomada em meio às crescentes taxas de infecção por Covid. A Prefeitura de São Paulo restringiu, para uma hora, as visitas em hospitais municipais. Já na região do ABC, as três cidades suspenderam a entrada de parentes e amigos de pacientes nos hospitais.
COMO AS MÁSCARAS PROTEGEM CONTRA A INFECÇÃO?
O conhecimento sobre a proteção das máscaras para evitar infecções cresceu muito no primeiro ano da pandemia, e não há mais dúvidas de que a máscara é capaz de diminuir a transmissão do Sars-CoV-2.
As evidências a favor do uso de máscaras tanto na proteção individual como para impedir a propagação no ar de partículas virais já foram bem demonstradas. Assim, as máscaras protegem tanto diretamente, funcionando como uma barreira física contra as gotículas de saliva expelidas ao falar, tossir ou espirrar, quanto filtrando o ar que pode estar repleto de micropartículas aerossóis (invisíveis a olho nu) contendo o vírus.
A capacidade protetora das máscaras varia conforme o tipo de material utilizado e a trama. Um estudo feito pela USP avaliou a eficiência de filtragem de diferentes tipos de máscaras vendidos no Brasil e concluiu que as máscaras N95 ou PFF2 são as mais indicadas, com eficácia acima de 98%, seguidas pelas de TNT ou cirúrgicas (entre 80% e 90%), e por fim as de pano, com média de 40%. As máscaras de tricô, com tramas abertas ou com tecidos sintéticos como lycra e microfibra não são eficazes na proteção (por volta de 15%).
Uma outra pesquisa feita nos Estados Unidos apontou para uma eficácia de até 95% ao combinar uma máscara cirúrgica por baixo de uma de pano.
No sentido coletivo, se todas as pessoas em um ambiente fechado estiverem usando máscaras, a chance de transmissão do vírus é reduzida em até 70%, segundo um artigo publicado na revista Aerosol Science and Technology.
ESTOU VACINADO CONTRA A COVID. DEVO CONTINUAR USANDO MÁSCARAS?
Sim. Em geral, as vacinas contra Covid foram desenvolvidas para proteger especialmente contra a hospitalização e morte, mas não têm o poder de conter totalmente o contágio em si. Assim, mesmo pessoas vacinadas podem contrair o vírus e adoecer, por isso é importante continuar usando máscaras após a imunização.
No entanto, a chance de um vacinado se infectar com a doença é menor do que a de quem não recebeu nenhum imunizante, e o tamanho dessa proteção varia de acordo com a vacina utilizada.