Historicamente, turistas de todo o mundo viajam ao Pantanal na tentativa de ver uma onça de perto. Em 2022, o sonho foi realizado por muita gente, já que aparições de onças-pintadas se tornaram comuns. Tão comuns que chegaram a ameaçar comunidades ribeirinhas. Nesta terça-feira (29), é comemorado o Dia Nacional da Onça-pintada.
Se por um lado, turistas se deslumbraram com os animais, que passaram a ser vistos à luz do dia nas barrancas dos rios. Por outro lado, moradores ribeirinhos precisaram de ajuda para se proteger de ataques da onça-pintada.
Pesquisadores, principalmente ligados ao Ecoa, acreditam que a situação atípica está ligada aos incêndios de grande porte que atingiram o Pantanal em 2020 e 2021. Por outro lado, moradores da região acreditam que a mudança no comportamento está ligada à seca que atinge o Pantanal.
Entre os meses de julho e setembro, diversos foram os relatos que chegaram até o Jornal Midiamax sobre a aparição da onça-pintada. Em um dos casos, um guia de pesca da região do Passo do Lontra, viu sete onças-pintadas em um único dia. Em outro caso, um pescador conseguiu ver uma onça caçando.
Na mesma época, o Ecoa emitiu nota de que as onças-pintadas estavam ameaçando moradores ribeirinhos e se alimentando de animais domésticos. A aparição de onças próximo às comunidades mudou a rotina de moradores e assustou quem sempre conviveu pacificamente com os animais.
No Pantanal, região produtora de gado, por vezes as onças se tornam ameaças ao rebanho. Para tentar amenizar crises e promover a consciência nos proprietários rurais, em 2016 surgiu o Programa Felinos Pantaneiros.
Desde então, o programa monitora onças-pintadas no Pantanal de Mato Grosso do Sul, conscientiza produtores e ensina estratégias para evitar perdas de gado. Diego Viana, veterinário coordenador do Felinos Pantaneiros, explica que existem estratégias de tecnologia e manejo.
"O produtor sabe da importância da onça para o meio ambiente, a grande maioria admira o animal, mas quando ele começa a impactar diretamente na produtividade, principalmente dos pequenos produtores, onde a capacidade de assimilar perdas é pequena, esse conflito acontece", diz ele.
O veterinário conta que atua sempre nas áreas de maior impacto da propriedade e, com isso, reduz o prejuízo do produtor e aumenta a proteção dos animais. "Implementamos tecnologias associadas com técnicas de manejo, como retirada de animais mais vulneráveis de próximo das matas, fontes de água ou morrarias. Trazer os animais pequenos para perto da propriedade ou fechar durante a noite", explica. O programa já identificou 120 onças diferentes na região da Serra do Amolar e a onça-pintada é predominante nas beiras dos rios.