Sem o camisa 10, lesionado, Lucas Paquetá foi deslocado para preencher o espaço vago na esquerda do ataque, com mais liberdade para criar. Na estreia contra a Sérvia (2 a 0), ele havia atuado também como um armador, mas caindo um pouco mais para a direita e recompondo a marcação ao lado de Casemiro nos momentos defensivos.
O escolhido para essa função foi Fred, um volante de ofício. Mesmo repetindo o esquema tático, porém, a seleção teve mais dificuldade para gerar situações de gol contra os suíços -ainda que também tenha ido para o vestiário com o placar zerado diante dos sérvios na primeira rodada.
Bem posicionados na defesa e sem Neymar exigindo marcação individual reforçada, a Suíça conseguiu se fechar e neutralizar a principal válvula de escape do Brasil, pela ponta esquerda, com Vinícius Júnior. Mesmo assim, foi por ali que saiu a melhor jogada da seleção no primeiro tempo.
As duas mudanças na formação foram desfeitas. Já no intervalo, Tite sacou Paquetá e apostou em Rodrygo, um atacante com características ofensivas mais parecidas às de Neymar e que traz como bônus um maior entrosamento com Vinícius e Casemiro, com quem se acostumou a jogar no Real Madrid -o atacante segue no clube, e o volante saiu em agosto, rumo ao Manchester United.
A entrada de Rodrygo melhorou a dinâmica do ataque brasileiro. Por ele passou a bola que Vinícius mandou para a rede aos 18 minutos do segundo tempo, após passe de Casemiro, em lance anulado por impedimento de Richarlison.
"Foi uma opção tática, e às vezes o jogo te pede algumas coisas. Temos que ter a capacidade de ler o jogo, um jogo muito difícil. O Paquetá estava em condições normais, ou não usaríamos. O jogo pediu uma outra possibilidade, aí a entrada do Rodrygo", disse Tite.
A essa altura, o treinador também já havia colocado Bruno Guimarães no lugar de Fred, aos 13 minutos da etapa complementar.
Fred atuou pela direita, dando mais equilíbrio ao Brasil em relação ao posicionamento de Paquetá no jogo inaugural. Mesmo pouco exigido na marcação, contudo, ele não conseguiu aproveitar os espaços para aparecer como um construtor de jogadas ofensivas.
Já Guimarães entrou como um primeiro volante, dando mais liberdade para Casemiro se aproximar dos dois ex-colegas de clube -o titular já havia ido mais ao ataque do que o normal durante o primeiro tempo.
Foi por ali, como um elemento surpresa, que o camisa 5 apareceu livre na área para receber passe de Rodrygo e marcar o gol da vitória brasileira, aos 38 minutos da etapa final.
"Jogamos muito tempo juntos. Casemiro passou muita experiência para a gente. Pouco antes, falei para ele deixar passar a bola, e aí ele ficou livre. É uma jogada que fazemos há muito tempo e felizmente hoje deu certo na seleção", disse Rodrygo.
A outra mudança na formação inicial do Brasil em relação à estreia, também por motivo de lesão, foi a entrada de Éder Militão no lugar do lateral-direito Danilo.
Zagueiro de ofício, o substituto já havia atuado outras vezes na carreira improvisado pela direita e basicamente ocupou os mesmos espaços do titular em relação à estreia contra a Sérvia.
Por ter características mais defensivas, Militão recompunha mais a defesa ao lado de Thiago Silva e Marquinhos, deixando Alex Sandro mais solto para avançar pelo flanco oposto.
No geral, o Brasil sofreu mais com a marcação suíça e com a própria falta de criatividade no ataque. Finalizou ao todo 13 vezes na partida, cinco delas no alvo. Contra a Sérvia, havia dado 23 chutes e acertado nove.
Mesmo sem Neymar, a seleção atacou proporcionalmente mais pela esquerda. Foram 179 ações ofensivas por aquele lado (47%), contra 117 pela direita (31%). Na primeira rodada, haviam sido 183 (44%) e 140 (34%), respectivamente.
Na defesa, o Brasil teve mais uma atuação bastante sólida. Assim como na estreia, não permitiu que o adversário finalizasse nenhuma vez na direção do goleiro Alisson.