Em meio a crise energética mundial que atinge principalmente a Europa, por causa do conflito entre Rússia e Ucrânia que já passa dos nove meses, o Catar assinou um contrato nesta terça-feira, 29, para fornecer gás natural liquefeito (GNL) para a Alemanha durante 15 anos. Este acordo, fechado entre a Qatar Energy e a empresa americana ConocoPhilips, é o primeiro desse tipo para a Europa a partir do projeto de expansão North Field do Catar, contribuirá “aos esforços para apoiar a segurança energética na Alemanha e na Europa”, declarou o ministro de Energia do Catar, Saad Sherida Al-Kaabi, em coletiva de imprensa. Conforme este acordo, o país do Golfo fornecerá, a partir de 2026, “até dois milhões de toneladas de GNL por ano”, destacou o ministro. “Esses acordos são importantes por várias razões, eles marcam o primeiro contrato de fornecimento de GNL de longo prazo para a Alemanha, com um período de fornecimento que se estende por pelo menos 15 anos, contribuindo assim para a segurança energética de longo prazo da Alemanha”, Saad al-Kaabi disse em uma coletiva de imprensa conjunta com o CEO da ConocoPhillips, Ryan Lance. O gás será adquirido por meio da ConocoPhillips, sócia da Qatar Energy há muito tempo, e será enviado ao novo terminal que a Alemanha está finalizando em Brunsbuntell (norte).
A QatarEnergy e as empresas de serviços públicos alemãs vêm discutindo acordos de longo prazo de GNL durante grande parte deste ano, enquanto Berlim busca alternativas para a Rússia, que é o maior fornecedor de gás da Alemanha. A maior economia da Europa, que depende principalmente do gás natural para alimentar sua indústria, pretende substituir todas as importações de energia da Rússia até meados de 2024. A Ásia, principalmente China, Japão e Coreia do Sul, é o principal mercado para o gás do Catar. Mas agora o reino está na mira dos países europeus, que buscam novos fornecedores energéticos desde a invasão russa da Ucrânia, quando a competição pelo GNL tornou-se intensa, com a Europa em particular precisando de grandes quantidades para ajudar a substituir o gasoduto russo que costumava representar quase 40% das importações do continente. As negociações são difíceis porque os países europeus se recusam a assinar contratos de longa duração, como os que Doha fecha com seus clientes asiáticos, igual o da semana passada, quando o Catar fechou um acordo de fornecimento com a China de 27 anos de duração, um recorde no setor.
*Com informações da AFP e Reuters