Tragédia na BR-116, em Minas Gerais, expõe falhas na segurança viária no Brasil, diz especialista
Falta de fiscalização de veículos pesados e seus motoristas e retirada de radares são ingredientes da tragédia em Minas No último sábado (21), o Brasil foi abalado pelo pior acidente em rodovias federais desde 2007.
Falta de fiscalização de veículos pesados e seus motoristas e retirada de radares são ingredientes da tragédia em Minas
No último sábado (21), o Brasil foi abalado pelo pior acidente em rodovias federais desde 2007. Em um trecho sinuoso da BR-116, em Teófilo Otoni, Minas Gerais, 41 pessoas perderam a vida em uma tragédia marcada por negligência e falhas sistêmicas na segurança viária do país. O acidente envolveu uma carreta, um ônibus e um carro. Segundo as investigações preliminares, uma pedra de granito que se soltou da carreta, possivelmente devido ao excesso de peso, teria causado o desastre.
O motorista da carreta, cuja carteira de habilitação estava apreendida há dois anos por recusa ao teste do bafômetro, fugiu do local e é procurado pela polícia. A situação levanta questionamentos sobre a eficácia da fiscalização e do cumprimento das normas de trânsito no país.
Especialista alerta para falhas evitáveis
Para Alysson Coimbra, diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego, a tragédia em Teófilo Otoni não pode ser chamada de acidente. “Acidentes não podem ser evitados. O que aconteceu na BR-116 poderia ter sido prevenido com fiscalização adequada, cumprimento das normas de trânsito e infraestrutura segura. As 41 mortes poderiam ter sido evitadas se tivéssemos políticas públicas sérias para salvar vidas no trânsito”, afirmou.
Coimbra destacou ainda a necessidade de implementar o conceito de “rodovias que perdoam”, cujo design reduz as consequências de erros humanos. Ele também criticou a remoção de radares de velocidade pela DNIT, incluindo um no local do acidente. “A retirada desses dispositivos é um retrocesso inadmissível. Excesso de velocidade mata, e os radares são essenciais para salvar vidas”, disse.
Rodovias brasileiras: economia acima da segurança
O Brasil depende amplamente do transporte rodoviário, mas a infraestrutura não acompanha o aumento do tráfego de veículos pesados, como bitrens e tritrens. “Permitir que motoristas profissionais sejam tratados como condutores comuns para a obtenção da CNH é um erro grave. Precisamos de leis mais rígidas e protocolos de segurança inspirados em modelos internacionais”, argumenta Coimbra.
Ele também sugeriu limitar o tráfego de veículos bitrem em rodovias sem duplicação, especialmente em feriados, além de responsabilizar embarcadores pela documentação dos veículos e motoristas. “Essas medidas são urgentes para reduzir os riscos e proteger vidas”, enfatizou.
Mudança urgente de prioridades
A tragédia na BR-116 escancara falhas sistêmicas: fiscalização insuficiente, rodovias precárias, ausência de dispositivos de segurança e falta de políticas públicas efetivas. “Cada vida perdida representa uma família destruída. Precisamos de ações imediatas: mais fiscalização, infraestrutura adequada, educação no trânsito e punições severas para infratores”, concluiu Coimbra.
Esse evento trágico serve como alerta para o governo e a sociedade. “As 41 vidas perdidas em Teófilo Otoni não podem ser em vão. Devem ser o marco para uma mudança radical na segurança viária no Brasil”, afirmou o especialista.
O Brasil enfrenta um momento crítico, e agir agora é essencial para evitar que novas tragédias transformem nossas rodovias em locais de dor e sofrimento.