Anúncio de Cuca divide torcedores do Atlético-MG
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O anúncio da contratação de Cuca por parte do Atlético-MG dividiu os torcedores do Galo, com muitos fãs classificando a novidade como um "nojo" e outros exaltando a trajetória "gigante" do treinador.
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O anúncio da contratação de Cuca por parte do Atlético-MG dividiu os torcedores do Galo, com muitos fãs classificando a novidade como um "nojo" e outros exaltando a trajetória "gigante" do treinador. O motivo da polêmica? Um processo por estupro na Justiça da Suíça que acabou com condenação anulada neste ano.
ENTENDA A POLÊMICA
Cuca foi acusado de manter relações sexuais com uma menor na Suíça em 1987. O então jogador, que atuava pelo Grêmio, foi punido ao lado de outros três colegas de clube.
O grupo ficou preso por quase 30 dias e retornou ao Brasil após prestar depoimento. Durante os dias em que os atletas ficaram detidos em Berna, as autoridades brasileiras tentaram uma solução diplomática para que eles fossem libertados.
Cuca acabou condenado dois anos depois a cumprir 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil, mas não chegou a ficar na cadeia. Na época do acontecido, ele tinha 24 anos.
O caso voltou à tona em 2023, quando o Corinthians anunciou a contratação do treinador. Os torcedores alvinegros fizeram diferentes protestos para se posicionar contra sua chegada e relembraram o episódio.
O técnico, que negou o estupro e afirmou ter sido julgado à revelia (quando é feita sem advogado próprio ou defensor público), deixou o clube dias depois em meio à pressão. Ele comandou o alvinegro em apenas duas partidas, contra Goiás e Remo.
A suposta vítima, Sandra Pfäffli, morreu em 2002, de acordo com a Justiça suíça. Ela tinha 13 anos na noite de 30 de julho de 1987 e faleceu com 28. O tribunal encontrou um herdeiro, que não se interessou em ser parte do caso.
CONDENAÇÃO ANULADA
Em janeiro deste ano, a Justiça da Suíça anulou a condenação de Cuca. A juíza Bettina Bochsler aceitou a defesa sobre a punição à revelia, mas não entrou no mérito da inocência do treinador. Além disto, a história estava prescrita (perdeu a validade).
"Qualquer pessoa acusada de um delito criminal tem o direito fundamental de ser defendida por um advogado. Essa é a base de um julgamento justo", diz trecho da decisão na qual o UOL teve acesso.
A defesa de Cuca entende que essa foi uma vitória parcial. Seus advogados dizem ter provas suficientes para provar a inocência, mas o mérito não foi julgado. O caso foi dado como encerrado no dia 28 de dezembro e Cuca ainda foi indenizado com pagamento de R$ 55,2 mil.
Diante da novidade, Cuca voltou a trabalhar em março deste ano, quando assumiu o Athletico. Em sua apresentação, ele falou que estava fora do mercado para "resolver a situação".
"Devia ter feito isso antes. As coisas estavam paradas, na cabeça da gente é uma coisa que já tinha acabado, mas eu, como homem, devia ter feito isso antes, ido atrás e resolvido. Fomos ao problema, na Suíça, contratamos lá duas equipes profissionais de advogados civis e criminais para que a gente pudesse buscar um novo julgamento, com mais duas equipes aqui no Brasil. Pela Justiça de lá foi concedido, foi aceito o pedido nosso, dentro da possibilidade foi dada essa condição, mas já havia prescrito o episódio."
"Como já tinha prescrição, o próprio Ministério [Público] de lá já não tem como te dar uma condição de um novo julgamento, que segundo os meus advogados, nossa chance de absolvição era próxima ao 100%. Ninguém tem 100%, mas era próxima, nos dava uma confiança grande. Infelizmente, pela prescrição, não houve. O que de melhor houve foi a anulação, descondenação e indenização", disse Cuca, na apresentação ao Athletico-PR.
Em meio ao trabalho no clube paranaense, ele chegou a promover uma palestra sobre a violência contra a mulher no CT do Caju. A ação fez parte do plano de conscientização que o técnico se propôs a apoiar.
A passagem de Cuca pelo Athletico durou três meses, e ele colocou o cargo à disposição após um tropeço da equipe no Campeonato Brasileiro.
Desde então, o treinador estava sem clube. O acerto com o Atlético-MG significa a sua 4ª passagem pelo Galo -por lá, ele faturou seis títulos, incluindo a Libertadores de 2013.