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Virose, insegurança e falta de água marcam o 'pior início de ano' na Baixada Santista

ISABELLA MENON E RAFAELA ARAÚJOGUARUJÁ, SP E BERTIOGA, SP (FOLHAPRESS) - Ao avistar uma família se aproximando da praia, um grupo de comerciantes corre para oferecer um guarda-sol.


ISABELLA MENON E RAFAELA ARAÚJO
GUARUJÁ, SP E BERTIOGA, SP (FOLHAPRESS) - Ao avistar uma família se aproximando da praia, um grupo de comerciantes corre para oferecer um guarda-sol. Quando percebem que estão competindo entre si, tiram no "2 ou 1" quem deve ficar com os novos clientes.

Sob o forte sol do verão, a praia de Pitangueiras, em Guarujá, na Baixada Santista, estava movimentada para uma terça-feira. Mas, para Clebson Borges da Silva, 26, que trabalha há dez anos no balneário, a frequência está fraca para a época do ano.

Em meio a constantes investimentos do Governo de São Paulo em projetos para desafogar o trânsito do litoral, como o túnel Santos-Guarujá, inauguração do Contorno Sul da rodovia dos Tamoios e anúncio da construção da terceira pista na rodovia dos Imigrantes, os turistas não parecem satisfeitos com o que encontram nos locais de destino.

Surto de virose, arrastões e falha no abastecimento de água são alguns dos problemas desta temporada. Segundo um levantamento da Federal de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), o litoral teve ao menos 19% de cancelamentos em hotéis na Baixada Santista. Para Arthur Veloso, presidente do sindicato na região, foi o "pior começo de ano" do setor em muitos anos.

Apesar da expectativa da entidade de volta à normalidade nas próximas semanas, Clebson, por exemplo, prevê recuperar as finanças só no Carnaval e na Semana Santa.

Em meio à crise, o prefeito de Guarujá, Farid Mali (PL), divulgou um vídeo em que bebe a água do mar da praia de Pitangueiras para pedir que os turistas não tenham medo de ir até a cidade. Foram 1.326 casos da doença no primeiro fim de semana do ano. Na semana seguinte, o número caiu para 520.

As amigas Marisele dos Anjos, 35, e Simone Moraes, 49, curtiam o dia de folga na praia na última terça (14). Para elas, o movimento estava menor do que o normal e atribuem isso à crise financeira e aos casos de gastroenterite causados pelo norovírus registrados na região.

Marisele passou mal na virada do ano, e Simone, que aluga uma casa, costumava conseguir hóspedes para toda a temporada. Neste ano, porém, notou mais reclamações quanto ao valor do aluguel.

Além disso, as duas, que vivem no bairro da Enseada, afirmam sofrer com falta de água, principalmente no verão. Na casa de Simone, por exemplo, a pressão da água retornou nesta semana.

Neste sábado (18), foi marcado um protesto em frente à Sabesp. Para o engenheiro e presidente da Associação Água Viva José Manoel Gonçalves, a cidade vive um problema de falta de estrutura por parte da companhia estadual.

"Precisamos que o sistema de esgoto seja planejado o ano todo e não uma ação isolada", diz. Procurada na sexta (17), a Sabesp não respondeu até a publicação.

O surto de virose, para ele, foi a gota d'água. "A população de São Paulo e do interior chegou aqui e foi contaminada. Houve um mal-estar para o comércio e às pessoas, que precisaram voltar para suas casas. É uma vergonha absoluta", diz.

Na Enseada, era constante a presença da Guarda Civil e da Polícia Militar de São Paulo. Neste ano, a segurança da região é reforçada com a Operação Verão, que contou com um acréscimo de 3.000 policiais.

A Secretaria da Segurança Pública estadual afirma que a ação vem surtindo efeito. De 21 de dezembro a 3 de janeiro, o número de roubos e furtos na região caiu 35% em comparação com o mesmo período passado, diz a pasta.

Porém, notícias como a da série de arrastões ocorrida nos últimos meses assustam turistas e moradores. "O pessoal avisou para tomar cuidado com o celular na mão, porque o assalto é frequente", relata Caique Amaral, 21.

"O medo da virose também é constante. Compramos água no supermercado, mas temos medo também de passar mal indo em restaurante ou entrando no mar", diz o turista.

Para o secretário municipal de Defesa e Convivência Social, Marco Antônio de Couto Perez, os casos ganham atenção pelo destaque que Guarujá tem. "Casos que acontecem aqui, acontecem em todas as cidades, mas ganha uma sensação de insegurança maior", diz. Ele também prevê que esse clima de tensão vai se dissipar em breve.

"Nós vamos trazer o Guarujá de novo como um destino bastante almejado."

RECLAMAÇÃO SE REPETE EM BERTIOGA
Tentando escapar da crise, a comerciante Maria Eduarda Lisboa, 19, que vive em Guarujá, passou a vender presilhas na praia de Riviera, em Bertioga. "Aqui é bem melhor. Ninguém está querendo ir para lá com medo dos furtos", diz.
Alguns problemas, no entanto, se repetem. À frente do grupo Acqua Azul, Maria Luisa Amparo, 31, comanda restaurante, loja de biquíni e marina em Bertioga. Sem especificar o número, ela diz que, após o surto do norovírus, uma pequena parcela de clientes cancelou a viagem.

Após conversar com a reportagem, começou a sentir os primeiros sintomas da virose. No dia seguinte, não conseguiu trabalhar. Segundo a prefeitura, foram atendidos 766 pacientes na rede pública. Porém, não há registro de morte ou internação pela doença na cidade.

Outra reclamação recorrente de falta de água. A comerciante Thaina Melchiades, 29, diz que o problema, em geral, ocorre nos períodos em que a cidade recebe mais turistas. "Se você tem bomba, beleza. Se não, se lasca", diz ela.

Em nota, a prefeitura afirma que nas festas de fim de ano a população passa de 62 mil habitantes para 500 mil. Sem citar números, a gestão de Marcelo Vilares (União) argumenta que nesta alta temporada teve "apenas questões pontuais" em relação ao problema de água.

O município declara ainda ter realizado obras emergenciais e que a responsabilidade da prefeitura é cobrar a Sabesp e afirma que realiza reuniões frequentes com a companhia para garantir investimentos e segurança.

Em nota, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que mantém diálogo com o setor de turismo e atua para fomentar essa indústria, responsável pela geração de emprego e renda no litoral paulista.

Também afirma que monitora as infecções e fez reuniões com secretários da Baixada Santista para abordar as medidas a serem adotadas nos casos da doença. Também diz que verificou as condições de água potável no Guarujá e Praia Grande e não foi encontrada contaminação com o norovírus.

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