A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, representante de Mato Grosso do Sul no ministério de Luiz Inácio Lula da Silva, é investigada pela comissão de ética da presidência da República, após denúncias de ex-servidoras, encaminhadas para Controladoria-Geral da União (CGU) e a Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República.
CLIQUE AQUI PARA SEGUIR O INVESTIGAMS NO INSTAGRAM
Segundo reportagem do Jornal Estadão, foram relatadas ameaças de demissão, cobrança de trabalho em prazo exíguo, tratamento hostil, manifestações de preconceito e gritos, que podem configurar assédio moral.
As denunciantes afirmam que as hostilidades começaram a partir de um desentendimento entre a ministra e a então secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política, Carmem Foro, que não foi indicada por Cida e chegou por intermédio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
Segundo a reportagem, Carmen foi exonerada no dia 9 de agosto do ano passado. Três dias depois, a ministra convocou uma reunião com os cerca de 30 servidores da área, onde disse que a secretária exonerada, embora reconhecida liderança social, não era "boa gestora" e que atuava mais como "candidata" no Pará, com viés local, do que como "secretária nacional". E afirmou que no seu ministério a hierarquia tinha que ser respeitada.
"A gente não está no movimento social. Até no movimento social tem hierarquia. E nós estamos no Ministério das Mulheres. Aqui tem hierarquia. Eu não posso afrontar o presidente, e nenhuma secretária pode me afrontar. Pode discordar, é diferente", disse Cida, na gravação, exposta pela reportagem do Estadão.
Ainda segundo as denunciantes, Cida disse que boa parte das assessoras que vieram com a secretária demitida também poderia sair.
"Passei um ano deixando nas mãos das secretárias
Eu vou precisar me meter mais. E se for preciso sair na carne, vai sair qualquer uma. Já disse isso mesmo para todas elas. Até dia 31 de dezembro de 2026, esse mistério vai fazer entregas e quem vai estar nele para fazer as entregas depende de quem tem condições políticas, vontade política para fazer as entregas junto conosco", declarou a ministra, em outra gravação.
As servidoras afirmaram terem vivenciado episódios de isolamento político, sendo cobras por resultados, sem conseguirem despachar com a ministra. Outra servidora denunciou caso de racismo relatando que Carmen Foro teria sido chamada a atenção, ao se levantar, pela secretária-executiva Maria Helena Guarezi, amiga pessoal da primeira-dama Janja.
Segundo a denúncia, Maria Helena teria comentado de forma "depreciativa" que Carmen Foro deveria permanecer sentada porque "seu cabelo estava atrapalhando a visão".
A CGU disse ao Estadão que a acusação à ministra, que veio acompanhada de gravações, foi remetida à Comissão de Ética e que arquivou denúncias contra as demais servidoras por falta de "elementos que indicassem possíveis infrações disciplinares".
Já o Ministério das Mulheres afirmou que as queixas não possuem elementos concretos. "O Ministério das Mulheres informa que nenhuma das acusações mencionadas foi registrada formalmente nos canais de denúncia das corregedorias do órgão ou da Controladoria-Geral da União. Informa ainda que tais acusações não são novas, já tendo sido objeto de matéria em outro portal jornalístico anteriormente, também sob anonimato e sem elementos concretos".