Cassilândia é o novo polo da citricultura no Estado. Após Paranaíba, Três Lagoas, Bataguassu e Sidrolândia, desta vez Cassilândia entra na mira dos grandes produtores de laranja. No município, devem ser plantados 3.200 hectares somente neste ano. Na terça-feira (28), a coordenadora de Fruticultura da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc/MS), Karla Nadai, juntamente com os fiscais estaduais agropecuários da Iagro, Cristiane Navarrete (de Paranaíba) e Carlos Aparecido Barbosa (de Cassilândia) estiveram reunidos com o prefeito de Cassilândia, Rodrigo de Freitas. Em pauta o avanço da citricultura na região.
O encontro contou também com a presença do Secretário Municipal de Desenvolvimento, Edson Bobadilha, com a Secretária Municipal de Administração, Bruna Fernandes, e com os representantes da Frucamp, Candinho e Ederson, empresa responsável pela contratação de mais de 3.000 hectares para o cultivo de laranja em 2025 em Cassilândia. Durante a reunião, Karla Nadai destacou que a empresa Frucamp da Família Fachini visitou a Semadesc no ano passado. Hoje o projeto já tem aproximadamente 800 hectares plantados e esse ano vão atingir 1.800 hectares.
"O município de Cassilândia vira nova rota da citricultura se somando aos municípios que já tem empreendimentos que abrigarão cerca de 30 mil hectares de pomares", destacou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck.
Ele salienta que hoje no Estado, as empresas já estão iniciando cultivos em Campo Grande, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Ribas do Rio Pardo, Paranaíba, Aparecida do Taboado, Três Lagoas, Água Clara, Bataguassu, Chapadão do Sul, Figueirão, Terenos, Jaraguari Inocência e Paraíso das Águas.
"Hoje nós já temos no Estado mais de 30 mil hectares de laranja já captados. A citricultura vai bem nas áreas mais arenosas, com menor teor de argila e isso é importante. Como a laranja está vindo com sistemas de irrigação, nós temos aí uma perspectiva de investimentos altos, mas com elevada produtividade. Além do clima, solo e áreas disponíveis, notamos em especial a migração de produção de laranjas de São Paulo para MS em função da doença do greening", explicou o secretário.
Greening
A coordenadora de citricultura, Karla Nadai, também abordou a importância de medidas preventivas contra o greening, uma doença que ameaça a produção de frutas cítricas em todo o mundo. A especialista alertou sobre o perigo da bactéria que causa o greening, transmitida pelo inseto psilídeo, que se alimenta de plantas cítricas e pode infectar outras plantas.
Karla ressaltou que o greening já provocou quedas significativas na produção de laranja na Flórida (EUA), e Mato Grosso do Sul adota uma política de tolerância zero contra a doença. Ela reforçou que é fundamental que sejam plantadas apenas mudas certificadas e livres de contaminação. Por isso, disse da importância de conscientizar a população para não comprar mudas de ambulantes, pois a venda dessas mudas é proibida e representa risco à citricultura local.
Combate à murta
Outro ponto destacado na reunião foi a proibição estadual da Murta, planta popularmente conhecida como dama-da-noite. A murta serve como hospedeira do psilídeo, contribuindo para a disseminação do greening, o que pode trazer prejuízos irreversíveis à citricultura. A erradicação dessa planta é uma medida prevista na Lei Estadual nº 6.293, de 22 de agosto de 2024.
O prefeito Rodrigo de Freitas destacou a relevância da reunião e reforçou o compromisso da administração municipal em trabalhar ao lado do Estado e de empresas privadas para consolidar Cassilândia como um exemplo de desenvolvimento sustentável e competitivo.
Próximos passos
Para atender a cadeia produtiva, o secretário destaca que a meta quando o plantio chegar perto de 25 mil hectares é buscar a industrialização. "Nós já temos tratativas hoje com os países da área industrial para ter também o processamento de suco em nosso Estado. E vale a pena lembrar também que o setor está gerando trabalho para pessoas de fora, não só de Mato Grosso do Sul. E a citricultura é altamente demandante de mão de obra", enfatizou o secretário.
Durante o plantio, somente Sidrolândia está com mais de 400 pessoas contratadas, isso sem contar com o período de colheita. "Aqui no Mato Grosso do Sul, nós vamos colher laranja do período de maio até janeiro. Então uma área, por exemplo, com em Sidrolândia, serão mil pessoas contratadas durante todo esse período. Nós estamos, inclusive, fazendo a capacitação dos indígenas. Hoje os nossos indígenas já vão ao Mato Grosso do Sul para a colheita de maçã. Todo ano, a gente encaminha 4 mil indígenas. Então vai ser uma forma de aproveitar mão de obra, que já está acostumada com a fruticultura a permanecer aqui no Estado", concluiu.
A laranja tem ciclo de produção de 20 anos, por isso a expectativa é que a primeira safra de laranja aconteça daqui a três anos em Mato Grosso do Sul. "Daqui a três anos que a gente começa a primeira safra de laranja, ela se estabiliza em cinco anos. Aí serão mais 20 anos de produção", finalizou.
Rosana Siqueira, da Semadesc
Fotos - Karla Nadai, Arquivo pessoal