Gilmar Mendes nega soltar dono de Porsche que matou motorista de aplicativo em março

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes negou, nesta quinta-feira (30), o pedido de habeas corpus da defesa do motorista de Porsche Fernando Sastre de Andrade Filho, 25.

Gilmar Mendes nega soltar dono de Porsche que matou motorista de aplicativo em março

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes negou, nesta quinta-feira (30), o pedido de habeas corpus da defesa do motorista de Porsche Fernando Sastre de Andrade Filho, 25.

Sastre está preso preventivamente desde maio do ano passado e responde pelas acusações de homicídio doloso qualificado e lesão corporal gravíssimo -em ambos na modalidade dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de matar.

O empresário provocou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo Silva Viana, 52, após bater contra o veículo dele em alta velocidade na zona leste de São Paulo. Na decisão, Gilmar Mendes cita que Sastre estava em velocidade três superior à máxima permitida na via e estaria sob efeito de álcool.

"Ainda segundo os autos, o paciente teria enganado os policiais com a informação que teria que ir, com urgência, a uma determinada unidade de saúde, apenas com a finalidade de se furtar à submissão ao exame de alcoolemia", afirmou o ministro, que relembrou que os policiais estiveram na unidade de saúde informada por Sastre, mas descobriram que ele não deu entrada no hospital.

O ministro do STF ainda citou que Sastre desapareceu por três dias, que no dia do acidente fazia apenas 12 dias que tinha recuperado o direito de dirigir e que o prontuário de condutor dele é "comprometedor". Gilmar, por fim, argumenta ser inviável a substituição de prisão preventiva (sem prazo) por outras medidas.

Procurado, o advogado Jonas Marzagão, que representa Sastre, não respondeu sobre a decisão. No pedido de habeas corpus, a defesa afirma que a medida contra o empresário se deu de forma excessiva.

"A prisão foi decretada sob o viés exclusivo da gravidade do delito e a repercussão midiática, que (parece) fazer de refém, até mesmo quem não deveria ser levado pelos influxos de prejulgamentos extrajudiciais: Magistrados!"

Também explica que Sastre já está sob oito medidas cautelares, depósito de R$ 500 mil de fiança, vedação de dirigir e contatar testemunhas, o que, segundo o advogado, "nunca foi descumprido e, sempre foi suficiente".

Relembre o caso

A colisão aconteceu na avenida Salim Farah Maluf por volta das 2h do dia 31 de março. Sastre perdeu o controle do Porsche e colidiu na traseira de um Renault Sandero, de acordo com policiais militares que atenderam a ocorrência. Atingido, Ornaldo foi socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde morreu.

Um amigo do empresário que o acompanhava, Marcus Vinicius, também saiu ferido.

Sastre foi indiciado criminalmente por suspeita de homicídio doloso, lesão corporal e fuga. O dono do Porsche se apresentou na delegacia mais de 30 horas após a colisão.

No dia do acidente, o empresário havia saído com a namorada e um casal de amigos. Eles estiveram em um bar, no qual consumiram R$ 620 e, em seguida, em uma casa de pôquer, na qual Sastre ganhou R$ 1.000 e consumiu R$ 400.

No primeiro estabelecimento, eles beberam oito drinques chamado Jack Pork -feito com uísque, licor, angostura e xarope de limão siciliano- além de uma capirinha de vodca.

Segundo o Ministério Público, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, mãe do suspeito, tentou atrapalhar as investigações.

Imagens de câmeras corporais dos PMs que atenderam a ocorrência mostram o jovem ao lado da mãe, por volta das 3h do dia 31 de março. Os dois tentaram deixar o local, mas são impedidos por uma policial militar que afirma que precisa "qualificar" o jovem antes de liberá-lo. "Não pode tirar ele daqui assim", afirma.

A mãe do motorista afirmou então às autoridades que levaria ele até o hospital. Porém, quando os PMs foram até o estabelecimento, descobriram que o empresário não havia passado lá.

Sastre foi condenado a pagar dois salários mínimos (R$ 2.824) por mês para a família da vítima. A defesa da família de Viana havia pedido pensão no valor de cinco salários mínimos (R$ 7.060), e o Ministério Público de São Paulo defendeu o pagamento de três salários (R$ 4.236).