A mudança climática não é mais uma ameaça distante; ela já está transformando o mundo como o conhecemos, e o universo esportivo não está imune. Calor extremo, chuvas torrenciais e a escassez de neve são alguns dos sintomas mais evidentes de um planeta em aquecimento, e esses fenômenos estão alterando a rotina de jogos e torneios no Brasil e no mundo. No Brasil, partidas estão sendo atrasadas ou remarcadas para evitar riscos à saúde dos atletas e torcedores. Em 2023, por exemplo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) implementou medidas emergenciais durante uma onda de calor recorde, incluindo pausas obrigatórias para hidratação. Médicos esportivos alertam que temperaturas acima de 35°C aumentam o risco de desidratação, cãibras e até mesmo colapsos, colocando em xeque a segurança dos jogadores.
Mas não é só o futebol que sofre. Esportes ao ar livre, como maratonas e competições de tênis, também estão sendo impactados. O Australian Open, um dos maiores torneios de tênis do mundo, enfrentou em 2020 temperaturas que superaram os 40°C, levando à implementação de uma política de “calor extremo” que permite a suspensão de partidas. No Brasil, corridas de rua têm sido canceladas ou adiadas devido ao calor intenso, enquanto chuvas torrenciais, cada vez mais frequentes, inundam estádios e interrompem jogos. No hemisfério norte, os esportes de inverno estão em crise. A falta de neve em regiões tradicionalmente frias tem forçado a cancelamento de competições de esqui e snowboard. Nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, em Pequim, a organização precisou usar neve artificial para garantir as provas, uma solução cara e insustentável a longo prazo. Especialistas alertam que, se o aquecimento global continuar no ritmo atual, muitas dessas modalidades podem desaparecer ou ter que migrar para locais cada vez mais restritos.
E o que isso significa para o futuro dos esportes? A adaptação é inevitável. Ligas e federações ao redor do mundo já estão revendo calendários, investindo em tecnologias para mitigar os efeitos do clima e até mesmo reconsiderando as sedes de grandes eventos. A Copa do Mundo de 2022, no Catar, foi realizada no inverno pela primeira vez na história, um exemplo claro de como o clima está ditando novas regras. No entanto, a solução definitiva vai além do esporte. Enquanto governos, empresas e sociedade não se unirem para combater as causas da mudança climática, os impactos só tendem a piorar. O esporte, como espelho da sociedade, reflete essa urgência. Cabe a nós, torcedores, atletas e organizadores, pressionar por mudanças reais antes que seja tarde demais. A mudança climática já mudou o jogo. Agora, é hora de decidir como vamos responder a esse desafio.