SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Desde o anúncio do retorno de Neymar, no finzinho de janeiro, o Santos já fechou três novos contratos de patrocínio. Múltiplas empresas viram na chegada do midiático jogador de 33 anos uma boa oportunidade para expor suas marcas no uniforme vestido por ele.
Com declarações de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 e mantendo relações próximas com políticos como o deputado Nikolas Ferreira (PL), o atleta tem atraído o interesse de companhias como a Havan, de Luciano Hang, notório apoiador do bolsonarismo, e a Loovi, do ramo de seguros, que tem Pablo Marçal (PRTB) como um dos investidores.
"Desde sua chegada [de Pablo Marçal], sabíamos que a presença poderia gerar impacto, especialmente por questões políticas em um país ainda dividido, mas o fato é que o propósito da empresa está acima de qualquer nome", afirmou Quézide Cunha, presidente da Loovi, à reportagem.
Segundo o executivo, a empresa é uma "insurtech" (termo que junta as palavras em inglês "insurance", seguro, e "technology", tecnologia) que atua como representante legal e exclusiva da LTI Seguradora, distribuindo seguros automotivos por meio de uma plataforma integrada com corretores, executivos de vendas e canais digitais.
No fim de janeiro, a Fenacor (Federação Nacional dos Corretores de Seguros) apresentou denúncia à Susep (Superintendência de Seguros Privados) solicitando a interrupção das atividades da Loovi e da LTI por supostas irregularidades.
"Estamos conduzindo esse processo com total transparência e responsabilidade, e temos a convicção de que, ao final, o maior beneficiado será o consumidor", afirmou Cunha, acrescentando que Pablo Marçal não teve nenhuma participação na negociação do patrocínio. O candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024 esteve presente na Vila Belmiro na partida de reestreia de Neymar.
"Patrocinar o Santos e o Neymar neste momento de alta visibilidade alinha-se perfeitamente com a estratégia da empresa de ampliar seu alcance em nível nacional", afirmou Cunha.
Além do patrocínio ao clube santista, a empresa de seguros fechou um acordo separado para que Neymar atue como embaixador do clube.
Os valores de patrocínio são tratados com sigilo, mas os resultados já começam a ser sentidos.
Na reestreia de Neymar pelo Santos contra o Botafogo-SP, a Record, detentora dos direitos de transmissão do Campeonato Paulista na TV aberta, foi a líder de audiência, e até o time de Ribeirão Preto conseguiu um patrocínio pontual para a partida.
"O valor do acordo é imensurável quando consideramos o momento histórico que estamos vivendo. Este patrocínio ficará na memória de todos, podendo marcar a reta final da carreira do maior artilheiro da seleção brasileira", disse Cunha. Ele afirmou que o "acordo contratual financeiro por enquanto não será divulgado".
Devido à chegada do craque, os espaços nas camisas e nos calções do time tiveram uma valorização de até 12 vezes, disse o presidente do clube, Marcelo Teixeira. Contratos que antes eram fechados por cerca de R$ 500 mil, segundo ele, passaram a ser negociados na faixa dos R$ 6 milhões.
Pelo acordo firmado com o Santos para viabilizar seu retorno, Neymar ficará com 80% dos ganhos relativos aos direitos de imagem, com os 20% restantes para o clube.
Filho de Luciano Hang e gerente de novos negócios da Havan, Lucas Hang também vê no retorno de Neymar a possibilidade de dar mais visibilidade à empresa da família.
"É inegável que um dos fatores que nos levou ao Santos foi a possibilidade do retorno de Neymar. Mas nossa motivação vai além disso. Sempre buscamos associar nossa marca a outras de grande sucesso, e o Santos é sinônimo disso", disse Luciano Hang.
Parcerias com clubes e campeonatos são uma prática comum da varejista, que já patrocinou Flamengo, Vasco, Grêmio e Athletico Paranaense, além da Copa do Brasil e a seleção brasileira.
"Acreditamos que não só o Brasil, mas o mundo todo vai assistir ao Santos jogar. Todos querem ver o retorno de Neymar ao seu auge, e estamos certos de que teremos muitas alegrias neste ano. Como marketing, é uma grande visibilidade de marca", acrescentou o gerente, que não descarta a abertura de uma unidade da Havan em Santos.
Quem também passou a patrocinar o clube após o retorno de Neymar à Vila Belmiro foi a Viva Sorte Capitalização. Segundo o ge, o acordo entre Santos, Viva Sorte e Neymar, que também atuará como embaixador da empresa, gira na casa dos R$ 40 milhões. Do montante, metade do valor vai para o jogador, metade, para o clube.
"Em um mundo com tanta disputa por atenção, participar de momentos especiais da vida das pessoas e que ficarão marcados na história faz toda a diferença para marcas", disse Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
"A somatória do retorno à primeira divisão do Campeonato Brasileiro com a chegada de Neymar coloca o Santos nos holofotes e gera curiosidade de quem até mesmo não acompanha futebol, explicando, assim, a valorização e aumento de demanda repentino", acrescentou.
Além dos novos patrocinadores, empresas que já tinham acordos com o clube tiveram que reajustar os valores pagos pelo direito de ter a marca exibida por Neymar. Blaze, Canção Alimentos, Kicaldo, Placo e Farmácias Nissei estão entre as empresas que já eram parceiras do Santos antes do acordo com o jogador.