O hospital Santa Casa de Campo Grande enfrenta um déficit na ordem de R$ 150 milhões, segundo informações da presidente da diretoria corporativa, Alir Terra. A frase "escolha de Sofia", frequentemente usada para descrever decisões impossíveis, foi mencionada pela presidente, para ilustrar a grave situação financeira do hospital.
"Nós temos que fazer a escolha de Sofia: paciente, médico, fornecedor. Então nós ficamos naquela gangorra. E a gente deixa de fazer determinadas coisas, porque o paciente está acima de tudo. O que nós fazemos na Santa Casa? Salvar vidas. Então, qualquer coisa que esteja fora dessa máxima vai para o segundo plano", afirmou Terra.
Contudo, a “gangorra” está cada vez mais inclinada para o vermelho. A Santa Casa encerrou 2024 com um déficit de R$ 150 milhões e, agora, busca apoio da prefeitura para evitar cortes ainda mais severos nos atendimentos.
Pacientes em espera por falta de recursos
A Santa Casa é um hospital filantrópico, ou seja, sem fins lucrativos. No entanto, também não pode operar constantemente no prejuízo. O principal contrato da unidade, firmado com o município, está sem reajuste há dois anos, enquanto os custos com medicamentos, insumos e equipamentos hospitalares seguem em alta. Paralelamente, os valores pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) permanecem congelados desde 2008.
Atualmente, o déficit mensal da Santa Casa ultrapassa R$ 13 milhões. Na Rede de Urgência e Emergência (RUE), que inclui UTI, enfermarias e Unidade de Cuidados Prolongados, a situação é crítica: o hospital gasta R$ 13,8 milhões, mas recebe apenas R$ 9,1 milhões. O rombo nessa área específica já supera R$ 56 milhões ao ano.
Sem recursos suficientes, algumas cirurgias são adiadas. "Os insumos estão muito baixos e estamos enfrentando uma alta expressiva de acidentes diários. Então, aquilo que é eletivo, como cirurgias de pacientes na fila ou internados, precisa ser suspenso para que possamos manter os atendimentos urgentes", explica Alir Terra.
“Fechar não é uma opção, mas operar sem dinheiro também não“
A Santa Casa atende milhares de pacientes todos os meses. No entanto, sem reajustes contratuais e sem um plano emergencial, o risco de colapso é iminente. O hospital recebe recursos dos governos federal, estadual e municipal, mas o montante não cobre todos os custos. Para amenizar o déficit, a instituição recorre a emendas parlamentares e atendimentos particulares, medidas que ainda não se mostraram suficientes para equilibrar as finanças.
"Nós queremos o equilíbrio econômico-financeiro do contrato para garantir uma assistência qualificada aos pacientes. Não podemos trabalhar sob o risco de desassistência e da falta de medicamentos", alerta Terra.
A Santa Casa é um hospital, e sua missão é cuidar de pessoas. No entanto, enquanto as contas não fecham, os pacientes continuam aguardando soluções que lhes garantam o acesso digno à saúde.