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Temperatura acima de 40ºC aumenta risco de morte entre idosos, aponta estudo da Fiocruz

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em meio às previsões de calor intenso para os próximos dias, um novo estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostra que a exposição a temperaturas acima de 40ºC por quatro horas ou mais estão associadas a um aumento de 50% de mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes, Alzheimer, insuficiência renal e infecção do trato urinário entre idosos.


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em meio às previsões de calor intenso para os próximos dias, um novo estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostra que a exposição a temperaturas acima de 40ºC por quatro horas ou mais estão associadas a um aumento de 50% de mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes, Alzheimer, insuficiência renal e infecção do trato urinário entre idosos.

No trabalho, foram analisados todos os 466 mil registros de mortes naturais ocorridas no Rio de Janeiro entre 2012 e 2024, e mais de 390 mil mortes por 17 causas selecionadas -das quais, 12 tiveram alta da mortalidade para idosos no calor extremo. O artigo foi publicado como preprint na plataforma MedRxive submetido a revistas científicas internacionais.

No Rio de Janeiro, a temperatura pode atingir 43ºC na terça (18), um nível inédito de calor, segundo anunciou a prefeitura nesta domingo (16). Caso isso ocorra, medidas como a suspensão de atividades físicas ao ar livre e mudanças nas escolas municipais podem ser determinadas.

No estudo da Fiocruz, os números foram analisados separadamente conforme a classificação de níveis de calor (NC) do Protocolo de Calor da Prefeitura do Rio, lançado no ano passado. Os NCs variam de 1 a 5 e indicam riscos e ações que devem ser tomadas em cada um deles.

O registro de nível de calor 4 é quando a temperatura é superior a 40°C por quatro horas ou mais. Já o nível 5 equivale a duas horas com índice de calor igual ou acima de 44°C. Nessa situação, o mesmo aumento da mortalidade foi observado e agravado conforme o número de horas aumenta, de acordo com o estudo.

Segundo o pesquisador João Henrique de Araujo Morais, autor principal do trabalho e doutorando na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fiocruz, o estudo confirma o que outros trabalhos já demonstraram: níveis extremos de calor são um risco real, especialmente para idosos e pessoas com doenças como as mencionadas acima.

Porém, um dos diferenciais da pesquisa foi ter desenvolvido uma nova forma de medir a exposição ao calor e os riscos relacionados, com a criação de uma métrica chamada "Área de Exposição ao Calor" (AEC).

Essa medida considera também o tempo que uma pessoa fica exposta ao calor, o que outras métricas, como temperatura média ou sensação térmica média, não levam em conta. Esse tempo de exposição ao calor intenso tem uma ligação importante com a mortalidade, especialmente entre as pessoas mais vulneráveis.

O estudo ilustra a métrica usando como exemplo a onda de calor de novembro de 2023. Em 17 de novembro, dia em que a jovem Ana Clara Benevides, 23, morreu após passar mal no estádio Nilton Santos, onde a cantora Taylor Swift se apresentou, o índice de calor no Rio ficou acima de 44°C por oito horas, gerando um recorde de AEC. A sensação térmica no estádio Nilton Santos, porém, era de 60ºC.

De acordo com trabalho, no dia seguinte, 18 de novembro, foi registrado o maior número de mortes de idosos por causas específicas: 151 no total.

Segundo o pesquisador, a ferramenta que se mostrou mais eficiente do que outras métricas para identificar dias de calor extremo e, assim, auxiliar na prevenção das possíveis consequências.

O estudo comparou outras duas datas para mostrar como a AEC funciona. Em 12 de janeiro de 2020, o índice de calor foi de 32,69°C, enquanto em 7 de outubro de 2023 foi de 32,51°C. No segundo dia, porém, o calor durou mais tempo, resultando em uma AEC 20 vezes superior a do primeiro dia.

"Ao considerar apenas medidas-resumo (médias ou máximas) podemos subestimar dias anormalmente quentes. A métrica, por sua vez, consegue identificar isso e pode ser utilizada para definição de protocolos similares ao desenvolvido aqui no Rio", disse Morais em entrevista ao portal da Fiocruz.

Para o pesquisador, com o aumento de frequência e intensidade das ondas de calor não só para o município do Rio, mas para diversas áreas urbanas do Brasil, medidas individuais são importantes, mas é necessário ter políticas públicas que adequem as atividades e protejam a população.

"Sabe-se que populações específicas estão em alto risco -como trabalhadores diretamente expostos ao sol, populações de rua, grupos mais vulneráveis (crianças, idosos, pessoas com doenças crônicas), e populações que vivem nas chamadas ilhas de calor urbano."

No protocolo de calor do município do Rio, estão previstas medidas como disponibilização de pontos de hidratação e resfriamento, adaptação de atividades de trabalho, comunicação constante com a população e suspensão de atividades de risco em níveis mais críticos.

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