Angotti Neto foi o responsável pela nota técnica, publicada pela pasta em janeiro, que colocou a cloroquina como eficaz contra a Covid-19, e a vacina não, contrariando uma série de estudos e orientações sanitárias. Na época, ele ocupava o cargo de secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde da pasta.
A cloroquina já teve sua ineficácia comprovada contra a doença, sendo contraindicada, inclusive, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), enquanto as vacinas se mostraram seguras e eficazes para prevenir casos graves e óbitos.
Na nota, o então secretário apresentou uma tabela colocando a hidroxicloroquina em oposição às vacinas. Uma das colunas perguntava se havia demonstração de efetividade em estudos controlados e randomizados para a Covid-19. A resposta era "sim" para a hidroxicloroquina e "não" para as vacinas.
Dias depois, diante da repercussão negativa, o ministério alterou a nota e excluiu a tabela.
Angotti Neto estava na secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde desde fevereiro deste ano. Na ocasião, ele substituiu a médica Mayra Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina".
Fã do escritor e guru bolsonarista Olavo de Carvalho, morto em janeiro deste ano, o médico presenteou o escritor, a quem chamava de "professor", com seus livros e fez várias referências a ele em um blog que escreve sobre medicina e filosofia.
A sinopse de uma das obras do secretário, chamada "A Morte da Medicina", diz que "a medicina, como ciência, deveria estar de fora de quaisquer tentativas de manipulação político-ideológica, que são sempre justificadas através de argumentações absurdas e totalmente anticientíficas". Ele também é contra a descriminalização do aborto.