"Nós, brasileiros, às vezes, não reconhecemos nossos talentos. Se vocês virem o Ronaldo Fenômeno andando por aqui, vão pensar 'uau', porque ele é algo diferente. No Brasil, é só um mais um gordo andando pela rua", comentou Kaká, para espanto do apresentador do programa, Richard Keys.
Em seguida, Kaká recuou no tom crítico da sua fala e disse que "vários brasileiros amam o Ronaldo". Porém, com a ressalva de que o ex-atacante, artilheiro do pentacampeonato em 2002, é mais respeitado fora do País do que dentro do Brasil.
"É claro, vários brasileiros amam o Ronaldo, eu amo o Ronaldo, mas é diferente a forma como ele é respeitado no Brasil e aqui fora. Eu vejo mais respeito com ele fora do país do que lá", disse. Os dois ex-jogadores assistiram juntos, das tribunas do Stadium 974, à partida do Brasil contra a Suíça no Catar.
O assunto da discussão veio à tona quando Kaká foi perguntando se os brasileiros acreditam que a seleção de Tite tem chances de conquistar o hexacampeonato no Catar. O último brasileiro eleito melhor do mundo respondeu que há muitos no País que não torcem para o Brasil e que, possivelmente, parte dos torcedores não gostam de Neymar por motivos políticos - o camisa 10 da seleção brasileira já admitiu publicamente ser eleitor do presidente Jair Bolsonaro.
"Neste momento, muitas pessoas no Brasil estão falando sobre o Neymar, mas de uma forma negativa", disse Kaká. "Talvez seja por política. Mas nós, brasileiros, às vezes não reconhecemos nossos talentos", completou o ex-jogador após ser interrompido por outros membros da bancada para questioná-lo sobre as razões de brasileiros não gostarem de Neymar.
Kaká tem sido um dos pivôs de uma discussão pública que envolve Walter Casagrande, os jogadores que participaram do pentacampeonato e o jornalista Tiago Leifert. O ex-comentarista da Globo, e colunista do portal Uol, criticou alguns campeões mundiais, como Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Kaká e Ronaldo por acompanharem os jogos das tribunas dos estádios e ficarem distantes da torcida brasileira durante a Copa do Catar.
Contrariados, Kaká e Marcos rebateram as críticas de Casagrande, que retrucou em novo texto, acusando ambos de serem "apoiadores de um golpe contra a democracia", associando-os ao presidente Bolsonaro. O jornalista Tiago Leifert, que saiu em defesa dos pentacampeões, também foi alvo das críticas do ex-atacante do Corinthians, com quem trabalhou junto na Rede Globo. Nesta quinta-feira, os antigos colegas de emissoras voltaram a trocar farpas.