A Rússia protestou nesta sexta-feira, 9, perante a Organização das Nações Unidas (ONU) contra o fornecimento de armas de países ocidentais à Ucrânia. Na opinião de Moscou, a contribuição armamentista de países como Estados Unidos e outros apenas prolonga o conflito bélico no país. Entretanto, a maioria dos membros do Conselho de Segurança recordou que Kiev tem o direito de se defender da invasão. “Sem a ajuda ocidental, as atividades militares na Ucrânia teriam terminado há muito tempo”, disse o embaixador russo Vasily Nebenzya durante uma reunião convocada por seu país para discutir o fluxo de armas para a Ucrânia. Embora a Rússia tenha apontado o suposto desvio de armas enviadas à Ucrânia para outras regiões e conflitos como o principal motivo desta sessão, Nebenzya dedicou a maior parte de seu discurso ao efeito direito que essas armas estão tendo na guerra. O representante russo acusou os Estados Unidos e os países europeus de lançarem uma “campanha frenética para armar a Ucrânia” e, assim, levar a cabo uma “guerra por procuração” contra a Rússia sem interesse em uma solução política.
Em particular, Nebenzya criticou o fornecimento de artilharia de longo alcance que, segundo disse, permite que as forças ucranianas atinjam áreas do Donbass que antes estavam fora de alcance e que, assegurou, estão causando inúmeras mortes de civis. Além disso, condenou o apoio de inteligência com satélites que os EUA fornecem à Ucrânia e que estão permitindo ao Exército do país localizar alvos em todo o território. Durante seu discurso, a China respaldou a ideia russa de que o fornecimento de armas às forças ucranianas complica uma solução negociada e prolonga o sofrimento da população.
Em resposta, vários países, de França a Gana, lembraram à Rússia que foi ela quem invadiu a Ucrânia e a obrigou a se defender com armas. Fornecer armas a um Estado que se defende de uma agressão estrangeira, lembraram, é algo que não viola nenhuma norma internacional. “A Rússia tem a coragem de exigir hoje no Conselho que a comunidade internacional fique olhando enquanto Moscou busca a destruição de outro Estado-membro da ONU”, denunciou o vice-embaixador dos Estados Unidos, Richard Mills. “A assistência ocidental à Ucrânia diante da brutal e ilegal invasão russa não é o problema. O problema é a própria invasão russa”, reiterou.
Quanto ao desvio de armas para outras áreas, a delegação russa assegurou que a situação está “fora de controle” e que as armas destinadas a Kiev estão surgindo nos mercados negros da Europa, mas também do Oriente Médio e da África. Nebenzya acusou Washington de não aplicar controles suficientes para evitar que essas armas cheguem às mãos de grupos armados e organizações terroristas. Em resposta, os Estados Unidos garantiram que esse é um assunto com o qual sempre se preocupam, mas disseram que até agora não viram evidências de que esse problema esteja ocorrendo. A melhor maneira de garantir que não haja desvio ilícito de armas, enfatizou o representante americano, é Moscou encerrar a guerra e se retirar da Ucrânia. Vários países, liderados pelo Reino Unido, denunciaram que a Rússia é quem está violando as normas internacionais ao adquirir drones militares do Irã, apesar das sanções impostas pela ONU a Teerã. A delegação russa, por sua vez, negou mais uma vez o uso de drones iranianos e enfatizou que sua indústria militar é autossuficiente e não precisa de apoio estrangeiro.
*Com informações da EFE