Embrapa Florestas
A Embrapa Florestas, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, está desenvolvendo um projeto de pesquisa com o objetivo de aumentar as taxas de enraizamento de clones na produção de mudas de erva-mate com auxílio da nanobiotecnologia. Os resultados podem refletir significativamente no avanço do Programa de Melhoramento Genético (PMG) e na manipulação comercial dessa cultura.
Em seu PMG de erva-mate, a Embrapa Florestas selecionou clones com baixa e alta concentração de cafeína. Estes clones vêm demonstrando, de uma forma geral, diferença na capacidade de enraizamento, com os clones de alta cafeína apresentando altas taxas de enraizamento e os clones de baixa cafeína com baixas taxas.
O projeto “Produção de mudas clonais de erva-mate: aplicações da nanobiotecnologia (ERVATECH)” busca entender os controles envolvidos no processo de rizogênese e aumentar as taxas de enraizamento de clones com baixo teor de cafeína por meio do estudo dos transgênicos e metabólicos envolvidos no processo.
A pesquisa, inédita no Brasil e no exterior, visa também avaliar a capacidade de promoção de enraizamento e de crescimento inicial de mudas ao inoculante, em clones que não enraizam, como bactérias presentes na rizosfera dos clones de altas taxas de enraizamento. A seleção de clones com diferentes teores de cafeína possibilita maior exploração do mercado consumidor, tendo como público-alvo tanto os consumidores de energéticos, quanto os interessados ??no consumo da erva-mate sem o princípio ativo do aumento da energia.
Juliana Degenhardt, pesquisadora da Embrapa Florestas responsável pelo projeto, explica: “Esse projeto visa não apenas otimizar as taxas de enraizamento da erva-mate, mas também, a longo prazo, aumentar o número de clones disponíveis aos viveiristas e produtores, além de obter um insumo biológico a base de bactérias, capaz de aumentar as taxas de enraizamento e produção de mudas em viveiros comerciais. A maior qualidade de mudas produzidas vai refletir também na preservação do meio ambiente, por necessitar de menor quantidade de insumos no desenvolvimento inicial no campo”.
O projeto é dividido em quatro linhas de pesquisa:
-Avaliação da expressão de genes – nessa linha serão desenvolvidas atividades que visam a comparação de genes expressos em materiais de altas e de baixas taxas de enraizamento buscando o entendimento dos câmbios transgênicos envolvidos na característica, bem como o desenvolvimento de marcadores moleculares que possibilitem a seleção precoce de matrizes com alta capacidade de enraizamento;
-Avaliação de metabólitos – nessa linha serão considerados os metabólitos presentes em clones de baixa e alta capacidade de enraizamento, buscando elucidar os negociações envolvidas e desenvolver estratégias para aumentar as taxas, supridas por exemplo na suplementação de insumos;
-Análise metabolômica da rizosfera de clones de alto e baixo enraizamento – nessa linha de pesquisa será identificada a biosfera da rizosfera nos clones com diferentes recursos de enraizamento e será feita uma análise comparativa para descobrir quais bactérias são exclusivas dos clones de alto enraizamento;
-Isolamento de bactérias da rizosfera para obtenção de insumo biológico – Após a comparação, bactérias apresentadas apenas em clones de altas taxas serão receptivas e inoculadas em clones de baixas taxas de enraizamento para avaliação do potencial de promoção de enraizamento e crescimento inicial das mudas;
-Avaliação de nanopartículas na clonagem da erva-mate – nanopartículas serão utilizadas no cultivo in vitro para avaliar seu potencial na desinfestação do material para introdução in vitro e na condução do material por organogênese ou embriogênese somática.
Principais resultados
Os principais resultados esperados com a execução do projeto, que tem duração até fevereiro de 2025, são o desenvolvimento de insumo biológico para aumento de enraizamento, o desenvolvimento de mudas de erva-mate e o desenvolvimento de marcadores moleculares e metabólicos que garantem a seleção precoce de materiais com maior potencial de clonagem, além de um protocolo de desinfestação e proteção in vitro de erva-mate utilizando nanopartículas.
Equipe do projeto
A equipe do projeto é formada pelos seguintes investigadores e analistas da Embrapa Florestas: Juliana Degenhardt, Regina Quisen, Krisle da Silva, Ivar Wendling, Fabricio Hansel e Daiane Rigoni.