Esqueça chocolate, açaí e casquinha dos "fast foods da vida". Nos anos 80 a 2000, o que mandava mesmo era a paçoca. Vendida em potes, a molecada ia cheia de moedas para comprar e escolhia entre a de rolha ou a quadrada. Atualmente, a maioria é industrializada, açucarada e muita gente nem faz ideia de como era gostoso o "paçocão" entregue no guardanapo.
Mas, se você é nostálgico ou quer provar a verdadeira paçoca, feita no pilão e com melado de cana, o seu Valdivino Barbosa, de 72 anos, pode te salvar. Vendedor de doces desde 1970, ele percorre o Centro de Campo Grande há mais de 50 anos, oferecendo paçoca e doce de leite, tanto o puro como com amendoim ou coco.
O mais legal é que tudo remete ao antigo: os doces ficam expostos em um carrinho, de vidro transparente, e ele entrega o pedido no guardanapo, caso o cliente vá consumir imediatamente. Ou então coloca em sacos de papelão para quem preferir levar para casa.
"Eu busco o doce de um fornecedor de Bandeirantes. Ele faz na fazenda, no pilão, com melado de cana de açúcar. Trabalho vendendo o doce quando nem tinha asfalto em muitas ruas por aqui, desde 1970. Além da paçoca, tem o doce de leite puro e com sabores. Meu primeiro ponto era ali na frente do antigo banco Bamerindus, na Cândido Mariano com a 13. Ali eu fiquei por uns 20 anos", relembra Valdivino.
Após este período, o idoso disse que ficou doente um tempo e deixou a venda de doces, por mais de uma década. Recentemente, voltou para fazer o que mais gosta, porém, em novos pontos da região central.
"Agora ou eu fico ali na 13 com a Dom Aquino ou na 13 com a Barão. Tem um hotel neste último cruzamento e os hóspedes sempre vão lá buscar o doce. Eles compram um, experimentam e voltam. Depois pegam vários para levar. Tem doce meu que vai para São Paulo, Minas Gerais, todo mundo gosta, leva um monte", comentou o vendedor ambulante.
A paçoca, infelizmente, não se compra mais com moedinhas, porém, ainda possui um preço acessível. O doce está R$ 3 cada e o seu Valdivino garante o sabor, já que, todos os dias, come ao menos uma. "Ele come escondido. Todo dia come uma escondido de mim. Eu trago marmita para ele, mas, quando vejo ele está comendo uma paçoca", brincou a esposa, Alice Francisco, de 70 anos.
Casada com Valdivino há 25 anos, ela conta que a rotina eles moram no bairro Cohab e possuem um filho. "Ele acorda cedo, busca o carrinho e começa a venda. Muita gente já conhece e sempre volta para buscar mais. É uma tradição esta paçoca", argumentou.
E o idoso confirma que come uma por dia, dizendo que é seu "teste de qualidade" diário.
"O doce grande, que eu vendo a R$ 20, não como. Mas a paçoca eu sempre pego uma. É um alimento esta paçoca, tá cheia de coisa boas ela e é o meu doce favorito, não adianta, não tem melhor que este", finalizou.