Prefeitura de Bonito, município localizado a 297 quilômetros de Campo Grande, deve começar a cobrar Taxa Ambiental de turistas no ano que vem. A diária será de R$ 7 por pessoa que frequentar balneários da cidade, notícia mal recebida por quem mora na Capital e tem costume de visitar Bonito com frequência.
A cobrança da tarifa era para ter sido iniciada em 12 de dezembro deste ano, mas foi adiada após pressão do trade turístico da cidade, para alinhar da melhor maneira possível a estratégia de implantação da nova medida.
A assessora parlamentar Marcela de Lima, de 41 anos, costuma visitar a cidade uma vez a cada dois meses, em média. Ela nunca vai sozinha, e sim, acompanhada da família ou de amigos. Além disso, tem costume de ficar pelo menos uma semana.
"Vou lá direto, semana que vem eu vou de novo, pessoal fala que preciso receber o selo de bonitense. Mas com a taxa agora pesa. Acho que vai muita gente já vai deixar de ir, porque já paga para entrar no balneário, e as coisas lá não são baratas", apontou.
Quando ela vai com a família, costuma viajar com o marido, dois filhos, um neto e às vezes um sobrinho. Em um dia de passeio, eles gastariam R$ 35, já em uma semana, R$ 245.
"Geralmente quando tá calor a gente parte para lá, é só achar uma brechinha. A partir do ano que vem, não vamos com tanta frequência, talvez a gente coloque uma piscina em casa e fique mais por aqui", completou.
Ao saber da taxa, a jornalista Mayara Gabrielle também ficou desanimada em visitar a cidade com a frequência que gostaria. Ela costuma ir com a família de carro, para passar fins de semana. "Me sinto muito bem, gostaria de mudar para lá um dia ou ter uma casa pra temporada", disse.
Ela disse que já estava planejando o próximo passeio para lá, mas agora a cidade está "menos atrativa".
"Provavelmente eu deixarei de ir nos balneários e vou aproveitar para desbravar outros municípios do Mato Grosso do Sul. O Estado tem muitas belezas além de Bonito também", avaliou.
No entanto, o vice-presidente da ABIH-MS (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Mato Grosso do Sul), Marcelo Mesquita, defendeu que a Taxa Ambiental será importante para a preservação dos recursos naturais do município.
"Não vejo isso como algo ruim, vejo como uma iniciativa bem cautelar, para que possa de uma forma ter uma melhor preservação da cidade. Bonito tem uma patrimônio natural, que tem que ser olhado e preservado de alguma forma. Isso já acontece em outras regiões do mundo", ressaltou.
Mesquita também avalia que o setor da hotelaria não deve perder turistas. "Quem tem o hábito de visitar os locais com patrimônio mais evidente, como praias do nordeste brasileiro, dentro dessas mesma características, já está habituada, vai entender a taxa de preservação e vai pagar, não vejo isso como grande dificuldade", completou.
Já Hugo André dos Santos, que trabalha com turismo há 15 anos, criticou a iniciativa da prefeitura e defendeu outras formas de incentivos à preservação.
"Bonito, pelo tanto que arrecada, era para ser uma cidade modelo. Acredito que essa taxa não vai salvar onça-pintada, aumentar os cardumes, tem outros meios para fazer isso. Esses R$ 7, poderia ser até R$ 2, não é conveniente, Bonito já tem essa fama de ser cara", avaliou.
Ele já trabalhou em diversos pontos turísticos do Brasil, inclusive no nordeste, mas se apaixonou por Bonito e decidiu se estabelecer na cidade.
"Eu acho um absurdo quando vou para a Campo Grande e o pessoal fala 'prefiro ir para Balneário Camboriú (SC) do que ir para Bonito porque é mais barato'. O pessoal aqui é muito receptivo, a culinária é excelente, o clima é agradável, aqui a gente vê gente do norte, nordeste, paulista, sulista, e aqui é uma cidade que a qualidade de vida é indiscutível", afirmou.
Taxa Ambiental - A previsão é de que a taxa seja de R$ 7 por dia e seja vinculada aos turistas que farão passeios em Bonito. A cobrança também será atrelada aos visitantes que estiverem em alguma atividade em atrativos turísticos. Ou seja, caso o turista opte por ficar o dia no hotel ou passeando pela cidade, não será necessário pagar a taxa.
O valor será revertido em assistência médica e seguro para os visitantes, além da destinação para as políticas públicas municipais de gestão ambiental.
Em nota, a prefeitura ressalta que a Taxa de Conservação Ambiental foi criada com o objetivo de garantir a execução mais eficiente de políticas públicas municipais de gestão ambiental, voltadas para a conservação de um dos ecossistemas mais raros do país - onde se tem um ambiente de rochas calcárias que permitem a existência de rios e córregos de águas cristalinas nos biomas de Mata Atlântica e Cerrado (ambos presentes no município), cheios de cavernas, fauna e flora característicos.
Fonte: CAMPO GRANDE NEWS