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Maioria da população brasileira acredita na ciĂȘncia, aponta pesquisa

Por Midia NAS em 13/12/2022 às 16:55:15

Pesquisa diz que 86,7% dos entrevistados acham vacina importante/Divulgação/Governo de São Paulo

A pesquisa apontou que 86,7% dos entrevistados consideram as vacinas importantes para proteger a saĂșde pĂșblica, 75,7% como seguras e 69,6% como necessĂĄrias. Apesar disso, 46,4% acham que elas produzem efeitos colaterais que são um risco. Outros 40% desconfiam que as empresas farmacĂȘuticas esconderiam os perigos das vacinas. Para 46,7% dos entrevistados, o governo federal forneceu informações falsas sobre a vacina contra a covid-19.

Mesmo com o patamar de confiança nas vacinas, cerca de 13% dos entrevistados indicaram que não pretendem tomar doses de reforço da vacina contra a covid-19 e quase 8% dos que tĂȘm filhos ou menores sob sua responsabilidade declararam não ter a intenção de vacinĂĄ-los. Conforme a pesquisa, o perfil dessas pessoas é que além do acesso ao conhecimento, eles são profundamente diferentes por sexo e valores. Os pesquisadores observaram que a chance de recusar vacinas aos filhos é muito maior entre os homens e cresce entre as pessoas que declaram que "o crescimento econômico e a criação de empregos devem ser prioridades mĂĄximas, mesmo quando a saĂșde da população sofra de algum modo".

Prioridade

Segundo a pesquisa, pessoas que "declaram que os avanços econômicos devem ter prioridade sobre polĂ­ticas de combate à desigualdade, ou que o mercado deve ter prioridade sobre a saĂșde, tĂȘm maiores chances de considerar elevado o risco das vacinas". Outro fator apontado estĂĄ entre as que participam menos da polĂ­tica, ou que expressam valores de tipo sexista, como os homens são melhores que as mulheres na polĂ­tica, ou na ciĂȘncia, ou devem ter prioridade nos empregos. Este grupo inclui também os que tĂȘm maiores chances de expressar cautela ou medo sobre a vacinação ou segurança das vacinas, mesmo controlando pelo efeito da renda e da escolaridade, conforme indicou o estudo do INCT-CPCT.

De acordo com a pesquisa, a hesitação vacinal estĂĄ associada, "em parte, à escolaridade, à familiaridade com conceitos cientĂ­ficos e ao conhecimento de instituições cientĂ­ficas, sendo fortemente influenciada pelo grau de engajamento dos entrevistados na sociedade civil e na polĂ­tica, pelos posicionamentos econômicos e pelos valores".

Pesquisa

Segundo a Fiocruz, entre agosto e outubro deste ano, foram entrevistadas 2.069 pessoas com 16 anos ou mais. A margem de erro da pesquisa é 2,2%, em um intervalo de confiança de 95%. As entrevistas foram domiciliares, pessoais e individuais. O estudo apontou ainda que a maioria dos brasileiros acredita que as mudanças climĂĄticas estão acontecendo e tĂȘm como causa a ação humana.

O trabalho foi coordenado pelos pesquisadores Luisa Massarani, da COC/Fiocruz, Vanessa Fagundes, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Carmelo Polino, da Universidade de Oviedo (Espanha), Ildeu Moreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Yurij Castelfranchi, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

"Isso indica um cenĂĄrio de desafios para gestores, cientistas, educadores e profissionais de comunicação, que precisam desenhar estratégias de comunicação pĂșblica da ciĂȘncia que levem em consideração as especificidades de local, perfil de pĂșblico e contexto", chamaram a atenção, os pesquisadores no resumo executivo do estudo Confiança na ciĂȘncia no Brasil em tempos de pandemia.

Na visão dos pesquisadores, "a percepção majoritariamente positiva do pĂșblico sobre a ciĂȘncia e os cientistas, bem como a falta de evidĂȘncias da existĂȘncia de um movimento organizado de negacionistas da ciĂȘncia no paĂ­s, são achados importantes para orientar estratégias mais efetivas de combate à desinformação, direcionadas a grupos especĂ­ficos de pessoas, que reagem de forma diferente aos diversos tipos de comunicação", apontaram, destacando que "o interesse pelo tema e a expectativa de benefĂ­cios para a população a partir da ciĂȘncia, como qualidade de vida, oportunidades de emprego, equidade social, podem facilitar processos de aprendizado e apropriação social do conhecimento."

Mudança climĂĄtica

A maioria da população brasileira (91%) acredita que estão ocorrendo as mudanças climĂĄticas, enquanto que para menos de 6% elas não existem. Nesta Ășltima parcela, hĂĄ diferenças significativas. "Modelos de regressão mostram que a chance de um entrevistado declarar que não hĂĄ mudança climĂĄtica aumenta muito entre pessoas que também dizem não confiar na ciĂȘncia ou cuja confiança na ciĂȘncia diminuiu durante a pandemia".

Mudança climĂĄtica prejudica qualidade de vida no Brasil Antônio Cruz/AgĂȘncia Brasil

Os brasileiros e brasileiras também acreditam que as mudanças climĂĄticas estão prejudicando a qualidade de vida no Brasil (78,3%), elas podem prejudicar a si e a suas famĂ­lias (81%) e, também, as próximas gerações (82,8%).

Para 85,8% dos que acreditam na existĂȘncia das mudanças climĂĄticas, a causa é a ação humana, enquanto 12,4% acreditam que elas são provocadas por mudanças naturais do meio ambiente. O estudo apontou também que "é mais forte a sensação de consenso na comunidade cientĂ­fica sobre a causa das mudanças climĂĄticas do que de divergĂȘncias: 68% dos entrevistados afirmam que a maior parte dos cientistas concorda sobre a relação causal com a ação humana". Mas quando se trata da opinião sobre os esforços nacionais para preservação do meio ambiente a avaliação se divide: 30,6% concordam que o Brasil é um dos paĂ­ses que melhor preserva o meio ambiente e 42,8% discordam da afirmação.

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