A Polícia Civil de Naviraí, cidade a 359 quilômetros da Capital, cumpriu mandados de busca e apreensão e prendeu duas pessoas em flagrante na manhã desta segunda-feira (19) contra cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital) que seria formada por adolescentes. Os faccionados estariam "recrutando" novos membros na cidade, todos menores de 18 anos.
Ao todo, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão em residências de supostos integrantes de organização criminosa com atuação dentro e fora de presídios no país. Segundo as investigações, a facção tentava monopolizar a venda de drogas em Mundo Novo, "cadastrando" novos membros.
Ainda segundo os policiais, a facção criminosa estaria facilitando as regras de "batismo" para ingresso e provocando mudanças em seu quadro, já que se verificou, pela primeira vez, a criação do "setor da sintonia de menor", para recrutamento de adolescentes.
Segundo a Polícia Civil, "anteriormente não se aceitava o batismo de adolescentes, de modo que nos últimos meses a facção batizou diversos menores de idade na cidade de Naviraí". A atuação da facção no município foi identificada a partir do ano de 2016, quando houve uma tentativa de homicídio contra um policial penal que levava seu filho para creche.
Nos anos seguintes, eles fizeram diversas vítimas em seus "tribunais do crime", sendo que um dos casos mais relevantes foi no ano de 2019, quando a Polícia Civil conseguiu identificar um cativeiro com nove integrantes da facção, que foram presos em flagrante, quando realizavam o julgamento do "tribunal do crime".
A investigação demonstrou que, atualmente, os integrantes da facção vinham novamente realizando os "tribunais do crime". Entretanto, as sentenças por eles dadas tratavam de agressões aos "julgados".
Durante o cumprimento das buscas, foi localizado um revólver calibre .38 com duas munições intactas, seis porções de cocaína, três de maconha e um celular furtado com um dos faccionados. Ele foi preso em flagrante por tráfico de drogas, posse irregular de arma de fogo e receptação.
Outro integrante também foi detido por estar evadido do sistema prisional e outros cinco foram levados para prestar depoimento. As investigações prosseguem, com análise das provas colhidas durante as buscas.
O nome da operação, Baptismus, faz referência ao nome "batismo", em latim, termo usado pela facção para o ritual de entrada de novo integrante, o qual após ser batizado passa a ser chamado de "irmão" pelos demais integrantes, passando a ter responsabilidades no grupo criminoso.