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Terrorismo

Acampamentos perto de quartéis viram incubadoras de terroristas


A primeira bomba foi instalada em um caminhão cheio de combustível que teria acesso à parte interna do aeroporto. Não explodiu porque o motorista do caminhão descobriu-a a tempo e avisou à polícia. Ontem à noite, a polícia soube da segunda.

Com George Washington de Oliveira Sousa, o terrorista preso, foram encontradas duas escopetas calibre 12, dois revólveres calibre .357, três pistolas, um fuzil Springfield calibre .308, mais de mil munições de diversos calibres e cinco bananas de dinamite.

“O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro, que sempre enfatizava a importância do armamento civil dizendo o seguinte: "Um povo armado jamais será escravizado'” – confessou Sousa à polícia.

Segundo ele, a explosão das bombas em pelo menos dois locais do Distrito Federal daria “início ao caos” que levaria à “decretação do estado de sítio no país”, provocando “uma intervenção das Forças Armadas”. O motorista do caminhão estragou o plano.

Bolsonaro foi excluído do Exército em meados dos anos 1980 porque planejou detonar bombas em quartéis se não lhe pagassem salário mais alto. Candidato a presidente, defendeu o acesso às armas como meio eficaz para enfrentar a violência no país.

De acordo com o Anuário de Segurança Pública, divulgado no dia 28 de junho deste ano, a quantidade de licenças para armas de fogo passou de 117.467 em 2018 para 673.818 em 2022 – um aumento de 473,6% nos quatro anos de governo do ex-capitão.

Existem mais de 2 mil clubes de tiro em atividade no Brasil e praticamente a metade (1.006) foi aberta entre janeiro de 2019 e maio de 2022. No que tudo isso poderia resultar, sem contar o empenho de Bolsonaro em desacreditar o processo eleitoral?

Resultou na rebelião que os ingênuos supunham desarmada de parte dos seguidores de Bolsonaro. Deu nos acampamentos à porta de unidades militares, área de segurança nacional, estimulados por Bolsonaro e tolerados pelos comandantes das Forças Armadas.

Se Lula tivesse perdido a eleição, se parte dos que votaram nele tivessem batido a porta de quartéis pedindo um golpe militar, o que teria acontecido? Ainda estariam por lá a essa altura? Quantas horas teriam ficado? Por que os bolsonaristas ainda estão?

Nada se viu igual nem nos estertores da ditadura militar de 64. Agentes do Serviço Nacional de Informações picharam paredes e distribuíram panfletos em Brasília ligando os comunistas à campanha de Tancredo Neves, candidato da oposição a presidente.

Eleito e internado na véspera da posse para ser operado de emergência, Tancredo temia que os militares não transferissem o poder para seu vice, José Sarney. A transferência se deu. Desde então, jamais se questionou a validade de uma eleição. Até que…

Até que Bolsonaro, eleito com o apoio entusiástico dos militares, sustentado por eles que desejavam vê-lo reeleito, entrou em cena e não queria deixá-la. Será obrigado a fazê-lo até o próximo domingo. Faltam apenas cinco dias. O que mais ocorrerá até lá?

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Ricardo Noblat Terrorismo Lula Jair Bolsonaro

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