Apesar de ser o segundo estado mais rico do país, o Rio de Janeiro também está abaixo da cobertura média nacional de todas as vacinas, não chegando a atingir metade do público-alvo no caso das proteções contra poliomielite, difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, pneumonia e meningite bacterianas.
O estudo foi elaborado por pesquisadores do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), iniciativa da Fiocruz com a Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase). Os dados utilizados são do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), mas ainda são considerados preliminares. Além de terem coletado os dados em 28 de novembro, antes do fim do ano, os pesquisadores ponderam que as prefeituras têm até 2024 para fornecer essas informações ao Ministério da Saúde, o que pode fazer com que os percentuais aumentem.
Mesmo que alguns municípios consigam atingir as metas para algumas vacinas com a atualização dos dados, a coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini, avaliou que o cenário geral do estado continuará sendo de baixas coberturas.
"Nos cenários nacional e estadual dificilmente veremos uma mudança tão abrupta, ainda mais se considerarmos a tendência dos últimos anos, pois 2022 não é um caso isolado. Ao longo da última década, o que vemos ano após ano é um cenário de queda constante nas taxas de vacinação", argumentou.
Um caso particularmente perigoso e que chama a atenção dos pesquisadores é do sarampo, prevenível pela vacina tríplice viral: apenas 28% dos bebês que deveriam ser vacinados receberam a segunda dose do imunizante na idade recomendada.
O levantamento também sublinha a gravidade das coberturas vacinais para febre amarela (41%); catapora (34%) e hepatite A (31%). A meta para a febre amarela é de 100% das crianças vacinadas, enquanto para as outras vacinas o ideal é que se chegue a 95%.
A meta mais baixa estabelecida para cobertura é da vacina BCG, que precisa abranger pelo menos 90% dos bebês menores de um ano. Nesse caso, o Brasil atingiu a meta, com 92% das crianças vacinadas, mas o estado do Rio ficou bem abaixo: 75%.
A importância da vacinação tem relação direta com a proteção de crianças contra doenças que podem levar à morte ou deixar sequelas graves. É o caso de enfermidades como sarampo, caxumba, rubéola, tétano, difteria, coqueluche, meningite C, hepatite A e hepatite B.
Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro afirmou que vem coordenando ações junto aos municípios para reverter o quadro atual, que reconheceu ser de baixa cobertura vacinal infantil no estado.
Uma ação destacada pela secretaria é a chamada varredura, em que equipes da atenção básica dos municípios percorrem as residências para verificar e atualizar a caderneta de vacinação de crianças e adolescentes.
A secretaria pede também o engajamento da sociedade para reverter esse quadro, "que ameaça a saúde de toda uma geração". Os postos de saúde estão abastecidos com todas as vacinas. Mas precisamos que pais e responsáveis levem os menores para serem imunizados", afirmou a pasta.
Em entrevista coletiva hoje (28), o secretário municipal de saúde da cidade do Rio, Daniel Soranz, também pediu que a população busque a vacinação e disse esperar do novo governo federal uma grande mobilização nacional para elevar as coberturas.
"É muito importante que os pais também tenham consciência e levem seus filhos para atualizar a caderneta de vacina. Hoje, quase 50% das crianças estão desprotegidas para poliomielite, e o Ministério da Saúde já tem como meta começar uma grande mobilização nacional em prol da vacinação", finalizou.