Após dois meses de manifestações antidemocráticas e uma tentativa de ataque terrorista na capital da República, a segurança da posse de Lula, em 1º de janeiro, tornou-se uma preocupação maior.
O mês que antecede a cerimônia gerou um clima de tensão para a segurança pública do DF. No dia 12, bolsonaristas protagonizaram um episódio de quebra-quebra em uma tentativa de invasão à sede da Polícia Federal (PF). Os bolsonaristas exigiam a soltura do líder indígena Tserere Xavante. Após uma noite que deixou rastros de destruição e um cenário de guerra urbana, alguns dos extremistas acabaram presos na última quinta-feira (29/12).
No último fim de semana, na véspera de Natal (24/12), a situação se agravou com a tentativa de terrorismo nos arredores do Aeroporto de Brasília. O empresário bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, foi preso, apontado como mentor do atentado. Em depoimento, o homem, que está no Complexo Penitenciário da Papuda, confessou que esteve presente no ato do dia 12.
Na sexta-feira (30/12), antevéspera da posse, caravanas de apoiadores de Lula começaram a chegar ao DF. No entanto, há divisão entre seguidores do presidente da República eleito para o próximo quadriênio, sobre a participação na cerimônia e no Festival do Futuro – show que reunirá artistas como Pabllo Vittar, Baiana System e Maria Rita – após a posse. A expectativa é que toda a Esplanada dos Ministérios receba até 300 mil pessoas.
posse-Lula-preparativos (6)posse-Lula-preparativos (8)posse-Lula-preparativos (3)posse-Lula-preparativos (5)posse-Lula-preparativos (9)posse-Lula-preparativos (2)posse-Lula-preparativos (4)posse-Lula-preparativos (7)posse-Lula-preparativos (1)0A estudante paulista Ana Calixto, 26 anos, planejava comparecer ao evento pela primeira vez. Ela tem família em Brasília e veio para a capital para passar o Natal com os parentes. Porém, diante dos últimos acontecimentos, resolveu não ir mais.
“Estou grávida e sem a menor condição de me expor assim. Queria muito ir, mas, infelizmente, não vou. Esses últimos atos foram completamente inaceitáveis. Há receio de como a posse pode exaltar os ânimos e acabar num clima pesado”, ponderou Ana que afirma temer pela própria segurança.
O fotojornalista Ariel Morais, 27, morador de Valparaíso de Goiás, no Entorno do DF, é militante e filiado ao PT há 20 anos. Ariel garante que, para ele, os episódios de violência despertaram receio de comparecer ao evento e acendeu um alerta.
“Tinha certeza que eu iria até o dia dos ataques no mesmo dia da diplomação do presidente eleito. As pessoas queimaram ônibus, carros, destruíram tudo. Conheço uma pessoa que teve o carro incendiado e creio ser algo que não está mais tão distante da gente. Não é que eu desista de ir por medo. Mas eu prezo mais pela minha vida do que pela minha militância”, considerou.
O sentimento é o mesmo para a estudante de medicina Giuliana Lins, 23, que veio do Rio de Janeiro para acompanhar a posse. Ela diz que tem medo de ir ao evento depois dos ataques, mas ainda está indecisa se pretende abrir mão da comemoração.
“Alguns familiares não querem que eu vá. Infelizmente, a violência e os ataques à democracia têm sido a política do bolsonarismo. Mas, esse é um momento histórico para o Brasil e principalmente para a nossa democracia. Ainda estou cogitando a possibilidade”, disse.
O publicitário Felipe Bomfim, 34, é brasiliense e mora em São Paulo desde 2018. Neste domingo (1º/1), ele estará na capital. “Me preparei bastante para ir à posse. Num primeiro momento, pelos altos valores e após os atos violentos, fiquei muito grilado e indeciso. Acredito que a Esplanada dos Ministérios seja o local menos arriscado. Mas os arredores, para a galera se locomover, ainda gera certa insegurança. Estou indo insatisfeito com a segurança pública, mas não quero deixar de participar”, afirmou.
Veja quem são Ariel e Felipe:
Ariel MoraisFelipe Bomfim0O Governo do Distrito Federal (GDF) divulgou, na quinta-feira (29/12), informações sobre o esquema de segurança da cerimônia de posse. Entre as medidas, está a limitação do público, que verá, da Praça dos Três Poderes, o presidente Lula subir a rampa do Palácio do Planalto, um dos principais momentos da solenidade.
Apenas 30 mil pessoas poderão ficar na Praça dos Três Poderes. Quem quiser acompanhar a posse do local deverá chegar até as 12h30.
Nos alojamentos comunitários, onde os visitantes ficarão acampados, a Polícia Militar reforçará a segurança. A organização recomenda aos apoiadores que andem em grupos e, caso esteja sozinho, evite objetos e roupas que associem a partidos políticos.
Outra medida para evitar conflitos no dia da posse é a proibição de manifestações de grupos políticos de oposição. “Não será admitido manifestação de cunho político contrária no dia da posse na área central de Brasília”, disse do secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo.
Segundo mapeamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), além da vinda de apoiadores do novo presidente, há movimentação de caravanas bolsonaristas em direção ao DF para o dia da posse.
“A gente tem célula de inteligência que possui membros das diversas agências, e não será permitido manifestação política contrária”, explicou.
The post Após atos violentos, parte de apoiadores de Lula desistem de participar da posse first appeared on Metrópoles.