Com isso, o acumulado desde janeiro chegou a 10.286 km2, o equivalente a 3 mil campos de futebol devastados por dia. Essa é a pior marca para o período em 15 anos.
Assim como o acumulado do ano, o desmatamento em novembro foi o pior desde 2008, quando o Imazon implantou seu Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que monitora a floresta por imagens de satélite.
Bianca Santos, pesquisadora do Instituto, explica que quase metade da derrubada registrada no mês em toda a Amazônia aconteceu no Pará. O estado lidera a lista dos que mais desmataram na região, com 276 km2, o que representa 47% do desmatamento.
“O desmatamento do estado do Amazonas, no mês de novembro ocorreu em regiões já conhecidas pela ocupação de atividades agropecuárias, como na região sul do estado na fronteira com os estados do Acre e Rondônia, principalmente no município de Lábrea. Mas a destruição da floresta também se fez presente próximo à fronteira do estado de Roraima, dentro de áreas protegidas tanto na unidade de conservação estadual APA Caverna Maroaga quanto na Terra Indígena Waimiri Atroari”, destacou a pesquisadora.
A pesquisadora destacou ainda que no Mato Grosso o desmatamento se concentrou em quatro municípios: “No Mato Grosso a presença de atividades agropecuárias é intensa, assim como a supressão na floresta para a instalação de novas áreas de pasto. Os municípios que mais concentraram e derrubaram no mês de novembro do estado foram Porto dos Gaúchos, Colniza, Apiacá e Juara. Localizado justamente próximo da fronteira ali dos estados de Rondônia e do Pará”, detalhou Bianca.
Uma das consequências do aumento do desmatamento na Amazônia, são as queimadas, que seguem na contramão dos compromissos assumidos pelo Brasil de lutar pelo desmatamento zero.
Um exemplo disso vem de Rondônia, que segundo dados do Terras Brasilis do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foi o quarto estado que mais registrou focos de incêndio na Amazônia, em 2022. Ficando atrás apenas do Pará, Mato Grosso e Amazonas.
Segundo fontes anônimas da CPT (Comissão Pastoral da Terra), o desmatamento tem acontecido de maneira "silenciosa", os criminosos arrancam a floresta, fazem uma vala, enterram a floresta e depois entram com maquinário destocando essas raízes e plantam soja. Quando vem a fiscalização eles dizem que a área está sendo produtiva, que está produzindo soja, está produzindo milho ou arroz. 64% dos registros de desmatamento vieram de áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante foi registrado em assentamentos, Unidades de Conservação e Terras Indígenas.
Com a mudança no governo federal, a fonte da CPT afirma aguardar que haja fiscalização eficiente dos órgãos públicos e que os desmatadores sejam investigados e punidos.
“A gente espera para 2023 que os órgãos de fiscalização sejam fortificados. Que tenha recurso para conseguir realizar as fiscalizações. Punir as pessoas que estão cometendo os crimes ambientais, principalmente investigar os grupos que estão sendo organizados para invadir as reservas extrativistas principalmente aqueles que adentram as terras indígenas”, finaliza a fonte anônima da CTP.