Ao sair da PF, o parlamentar reforçou a versão de que Silveira seria o responsável por, no final do ano passado, arquitetar um plano para gravar o magistrado com o intuito de embasar um possível golpe. A reunião entre o senador, o ex-deputado e Bolsonaro teria ocorrido no Palácio da Alvorada.
“O Daniel que puxou o assunto. A ideia dele é que pudesse resolver um problema dele e do presidente”, afirmou.
“Eu não sei o que eles conversaram entre eles [Bolsonaro e Silveira]. Eu não posso colocar aqui a fala do que o presidente estava pensando.”
A oitiva durou cerca de quatro horas. O parlamentar chegou à sede da corporação, em Brasília, por volta das 16h30 e deixou o prédio às 21h.
A PF pediu para ouvir Do Val após ele acusar o ex-deputado federal Daniel Silveira de arquitetar um plano para reverter a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições. Segundo ele, o ex-mandatário estava presente na reunião em que o então parlamentar fez a proposta.
Marcos do Val chegou a dizer que renunciaria ao mandato, mas acabou desistindo.
Nesta tarde, a PF também colheu depoimento do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. O ex-parlamentar afirmou em entrevista recente ao O Globo que minutas de teor golpista, como a encontrada na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, circulavam com frequência entre o núcleo próximo a Bolsonaro.
Aos agentes, Valdemar tentou amenizar a declaração durante a oitiva. Ele afirmou ter utilizado uma metáfora ao afirmar que “todo mundo” tinha uma minuta do golpe em casa.
foto-senador-marcos-do-val-olhando-lado-em-aniversario-academia-policia-militar-25032019Marcos do Val e Rodrigo Pachecomarcos do valfoto-senador-marcos-do-val-discursa-no-pulpito-plenario-senado-20210Segundo o senador Marcos do Val, o plano de Silveira consistia em escolher um parlamentar que estivesse disposto a levar um grampo ao gabinete de Moraes e fazer o ministro do STF admitir algum tipo de intervenção ilegal no processo eleitoral com o objetivo de beneficiar o então candidato Lula.
Porém, a suposta coação também foi negada pelo próprio senador. Nas redes sociais, ele havia dito que houve uma “tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto a ele”.
Nesta manhã, o senador mudou a versão e disse que o ex-presidente teria ficado calado durante toda a reunião e responsabilizou Silveira pelo plano, garantindo, ainda, que denunciou tudo ao ministro Alexandre de Moraes.
Assim como em outras ocasiões nesta quinta-feira, o senador não soube especificar onde teria acontecido o encontro com Daniel Silveira e Jair Bolsonaro. Inicialmente, acreditava-se que o encontro havia acontecido no Palácio da Alvorada, mas Do Val negou. Segundo relatou o parlamentar, a reunião teria sido realizada na Granja do Torto.
“Eu nunca fui lá. Nem como turista. Nem na casa, nem no campo, na casa do vice, onde estava Mourão, Paulo Guedes, eu nunca fui nesses lugares”, disse Marcos do Val.
O parlamentar afirmou que desistiu de renunciar ao mandato após ouvir apelos de outros senadores, como Flávio Bolsonaro (PL-RJ). “Meus colegas do Senado foram muito solícitos, pediram para eu ficar, disseram que eu era importante. Até as próprias unidades policiais pediram que eu continuasse [ ]. Ele [Flávio Bolsonaro] ligou hoje pedindo pelo amor de Deus para eu não parar de ser senador.”
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