As leucemias, em especial, podem ser divididas em agudas e crônicas. “O que muda é o tempo de evolução e o aparecimento de sintomas”, explica Baiocchi. Nas leucemias agudas, os sintomas e sinais surgem de maneira muito rápida. A doença aparece em qualquer faixa etária, mas é mais comum na infância e na adolescência. Por ser de rápida evolução, apresenta, em geral, alterações no hemograma de instalação rápida, como anemia, baixa de plaquetas, com risco de hemorragia, e baixa imunidade, com risco de infecção. Associado a isso, a pessoa pode ter dores ósseas, aumento de gânglios e do baço.
Segundo Baiocchi, não há como prevenir as leucemias. “Talvez a melhor forma de prevenir seja disseminar o conhecimento, mas não existe nenhum exame de prevenção ou que sugira o aparecimento de uma leucemia.” Uma boa notícia é que, apesar de ser o câncer mais comum na infância, é o mais curável hoje. “A gente cura mais de 90% das crianças com leucemia. Isso vem acontecendo nos últimos dez anos, e cada vez mais”.
Baiocchi ressalta, porém, que o conhecimento e o diagnóstico precoce facilitam a cura. Todo o tratamento da leucemia é baseado até hoje em quimioterapia, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na rede privada. Dependendo dos casos, a quimioterapia pode ser associada à imunoterapia. Não existe fator de risco para a leucemia, como são, por exemplo, o tabagismo e o alto consumo de álcool para outros tipos de câncer. “Não é uma doença hereditária. É adquirida na infância e na adolescência, mas sem causa definida. Até hoje não sabemos a causa da leucemia.”
O médico defende a realização de campanhas de orientação, afirmando que, quanto mais se fala, menos mitos são criados. “É extremamente benéfico para a sociedade”.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima o surgimento de mais de 11 mil casos de leucemia no Brasil por ano, entre 2023 e 2025, englobando as populações infantis e adultas.
Dados obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) junto ao Sistema de Informações Hospitalares do SUS revelam que 1.933 homens foram afetados pelo câncer de pênis de janeiro a novembro do ano passado e que houve 459 amputações do órgão masculino. Para esclarecer a população, a SBU realiza, pelo terceiro ano consecutivo, no mês de fevereiro, a campanha de prevenção e combate ao câncer de pênis.
A doença se manifesta por meio de ferida que provoca coceira, queimação, forte odor e que não cicatriza, mesmo com tratamento tópico. Muitas vezes, é confundida com infecções sexualmente transmissíveis (IST). Durante todo o mês, médicos darão esclarecimentos sobre a doença, que é mutilante, nas redes sociais da SBU (@portaldaurologia no Instagram e Facebook). A entidade vai disponibilizar, também ao longo do mês, aulas para os agentes de saúde e o público em geral. Em 2020, 463 homens morreram devido a esse tumor, informou a SBU.
Para o presidente da entidade, Alfredo Felix Canalini, essa campanha é importante por “suprir a deficiência de informações adequadas e falar claramente sobre um problema tão contundente no país”. Uma mensagem simples, mas eficaz, diz respeito à higiene que o homem, desde menino, deve ter para lavar corretamente o pênis. Além disso, é preciso haver mais conscientização da necessidade da cirurgia para o tratamento da fimose, que ocorre quando não se consegue puxar para trás a pele que cobre a ponta do pênis, para que se possa lavar corretamente a região que fica encoberta por essa pele chamada prepúcio.
“Na campanha, também disseminamos informações para os profissionais que estão na atenção básica à saúde, para que sejam os principais multiplicadores dessas importantes informações”, reforça o presidente da SBU.
De acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do SUS, de 2007 a 2022, foram realizadas 7.790 amputações de pênis decorrentes de câncer, o que equivale à média de 486 procedimentos por ano. Os anos de 2019 e 2018 formam os que registraram maior número de casos da doença, respectivamente 2.156 e 2.134. Conforme dados disponíveis até novembro do ano passado, 2018 e 2019 tiveram também mais amputações do órgão masculino, 639 e 637, respectivamente. Os estados com maior registro de amputações, de 2007 a 2022, foram São Paulo (1.321), Minas Gerais (1.161), Paraná (633) e Ceará (526).
Alfredo Canalini reitera que quatro ações ajudam na prevenção da doença. A primeira é a limpeza adequada do pênis com água e sabão, puxando o prepúcio para higiene da glande, que deve ser feita todos os dias e após as relações sexuais. Outras ações são tomar a vacina do HPV, disponível gratuitamente no SUS para a população de 9 a 14 anos; retirar o prepúcio, quando essa pele que encobre a cabeça do pênis não permite a higienização correta; e usar preservativo para evitar contaminação por infecções sexualmente transmissíveis, como o HPV.
Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer, a União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) também coordena uma campanha contra a doença. A ação é reforçada pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama). A estimativa do Inca é de 704 mil novos casos anuais de câncer no Brasil até 2025, dos quais 74 mil serão de mama.
Monumentos em Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Teresina e outras cidades serão iluminados de laranja e azul neste sábado (4) para alertar sobre a relevância da data, enquanto as 75 organizações não governamentais associadas à Femama realizarão ações para prestar esclarecimentos sobre a doença nas redes sociais.
A campanha internacional tem como slogan Por Cuidados Mais Justos, o que envolve o acesso de todos à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento, independentemente da condição financeira e de origem.
Não é exagero afirmar que ter acesso ao diagnóstico e ao tratamento salva vidas, diz Maira. “Os números comprovam isso. Cerca de 70% das mortes ocorrem em países de baixa e média renda, considerando que apenas 30% deles têm serviços disponíveis de tratamento de câncer. Entre os países mais ricos, 90% contam com essa estrutura. O câncer é uma doença que tem cura. Cerca de 95% dos pacientes que são diagnosticados precocemente obtêm resultados muito positivos com o tratamento. É possível, sim, pensar em um futuro sem morrer da doença”. A médica alertou, entretanto, que, para que isso aconteça, “é preciso agir já”.
Entre os cuidados preventivos, Maira recomenda o consumo de alimentos saudáveis e a redução dos processados; evitar o sedentarismo e fazer exercícios com regularidade; não fumar, seja cigarro convencional, seja eletrônico; proteger a pele antes de expor-se ao sol e evitar o bronzeamento artificial; vacinar-se contra o HPV; reduzir o consumo de álcool; evitar poluentes e produtos químicos e informar-se sobre os sinais e sintomas oncológicos.