Em entrevista à Jovem Pan News, o professor titular do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), Luis Antonio Bittar Venturi, falou sobre o terremoto que atingiu fortemente a Turquia e a Síria nesta segunda-feira, 6. O docente está em Beirute, capital do Líbano, a trabalho e mesmo distante do epicentro dos tremores, localizado em território turco, sentiu os efeitos do abalo sísmico: “Nós estamos a algumas poucas centenas de quilômetros do epicentro. Mas todos nós acordamos no meio da noite sentindo os tremores. A cama chacoalhando, os móveis, o edifício você percebia que balançava e eu no quinto andar aqui. Muita gente ficou em pânico e foi pra rua em baixo de chuva e frio com medo de desabamento de prédios. Mas felizmente aqui não aconteceu nada disso”. Segundo o professor, a situação na Síria foi agravada por falta de infraestrutura no local para enfrentar esse tipo de fenômeno: “Por que está morrendo tanta gente? Por falta de planejamento, falta de uma adaptação das construções às condições naturais. Falta de planejamento e falta de políticas sociais para uma adequação adequada do território. Agora, aqui a gente até entende, porque a Síria está sofrendo ainda consequências de guerra, está sem eletricidade, está sem querosene para aquecimento e está sem água”.
Para o especialista, na Síria o terremoto pode ter ainda mais vítimas pelo cenário de conflitos entre o governo e rebeldes, além de dificuldades de locomoção de tropas de ajuda humanitária no resgate das pessoas atingidas: “É muito difícil chegar ajuda humanitária na Síria. Porque você tem que pedir permissão, ou para as forças rebeldes, ou para o governo. Se você for contra o governo, não entra. Se você for contra as forças rebeldes, você também não entra. O povo Sírio está sofrendo muito mais do que o povo turco por causa dessas razões políticas também”. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 23 milhões de pessoas podem ser afetadas de alguma forma pelo terremoto.
*Com informações do repórter David de Tarso