Na região central, o Ônibus Lilás, que presta atendimento para mulheres vítimas de violência, ficará na Praça da República das 10h às 18 horas, durante o pré-carnaval (11 e 12/02), no período do carnaval (18, 19, 20 e 21/02) e no pós-carnaval (25 e 26/02). Caso seja necessário e a mulher concordar, poderá ser acompanhada por uma profissional até a Casa da Mulher Brasileira, que fica no Cambuci e funciona 24 horas por dia, para prosseguir com o atendimento.
O público LGBTQI+ também vai contar com quatro unidades móveis. Além de atender a este público, as unidades farão atendimento para vítimas de discriminação e violência, racismo e qualquer outra violação de direitos humanos. No local, prestarão informações e farão encaminhamento dos casos mais graves, se a vítima desejar, para a Delegacia de Polícia e/ou Pronto Socorro mais próximos. Será possível também registrar um boletim de ocorrência online, na própria van.
Para a co-fundadora e coordenadora da Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo, Thais Haliski, as ações da prefeitura não são suficientes para combater o assédio. “De 20 tendas que tivemos em 2020 para acolhimento de pessoas em estado de vulnerabilidade, sejam elas mulheres, trans, LGBTQIA+, passou para cinco [este ano] e o único ponto de atendimento de acolhimento que nos foi informado é o Ônibus Lilás, é um ônibus para atender as mulheres da cidade inteira, estamos chocadas com essa informação”, lamentou Thais, que também coordena a Comissão, junto com outras pessoas, desde 2019.
Thais afirma que o diálogo com a prefeitura foi prejudicado por questões de prazo e também porque não houve abertura necessária. “As ações da comissão feminina, todos os anos, é melhorar a interlocução com a prefeitura, mas esse ano especificamente a gente teve uma dificuldade enorme em fazer isso porque abriram inscrições para representantes de blocos, sendo que já temos sete coletivos [femininos] e esses coletivos acabaram ficando de fora dessas reuniões. Então a prefeitura diz que não, que o diálogo está aberto, é um jogo de empurra pra lá, empurra pra cá”.
Além disso, a coordenadora também acredita que na parte de prevenção, com a distribuição de flyers nas estações, será insuficiente. “Eles vão distribuir flyers e não é suficiente, sendo que os próprios blocos estão comprando adesivos e tatuagens para distribuir nos seus blocos com o próprio dinheiro”.
A coordenadora afirmou que, como todos os anos, a Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo vai fazer a sua própria campanha contra o assédio e de prevenção à violência. “Com posts falando desde o assédio até cuidados como, por exemplo, tirar o aplicativo de banco do celular, atitudes que as pessoas precisam ter ao longo do carnaval, que é jogar lixo no lixo, combate ao xixi na rua entre outros pontos”. A campanha da comissão pode ser vista no Instagram.
Em nota, a prefeitura informou que, em 2020, não havia equipe técnica especializada em todas as tendas de acolhimento, mas tinha voluntários cadastrados em parceria com uma organização da sociedade civil.
“Os atendimentos eram, invariavelmente, demandas de saúde. Neste ano, investimos em locais de referência para prestar um atendimento mais qualificado, posicionando as unidades móveis da SMDHC em pontos estratégicos, nas cinco regiões da cidade (norte, sul, leste, oeste e centro), com equipes especializadas compostas por psicólogas, assistentes sociais e advogadas com experiência em atendimento a vítimas de violência estarão à disposição dos foliões”, afirmou a secretaria.
A SMDHC informou que, no fim de semana de pré-carnaval, não houve procura por atendimento especializado: 265 pessoas buscaram informações sobre o autoteste de HIV, uso do preservativo feminino e 205 pessoas solicitaram pulseira de identificação para crianças.