Febre por mais de sete dias sem causa aparente
Crédito: Kelly Sikkema/UnsplashSegundo estimativas do Inca, nos próximos três anos devem ocorrer, em média, 4,2 mil casos de câncer em meninos e 3,7 mil em meninas. Entre os diagnósticos, os casos de leucemia são os mais incidentes no público infantojuvenil.
Assim como acontece em casos de câncer em adultos, o diagnóstico precoce também aumenta as chances de cura entre os mais jovens. Medidas como a atuação efetiva da atenção básica no acompanhamento infantil, a vigilância e promoção de saúde e estratégias de divulgação de informações para profissionais e para a população contribuem para a descoberta da doença em estágios iniciais.
“Também é necessário o aumento da comunicação entre serviços primários e especializados”, avalia Sima. A especialista explica que um dos grandes desafios é que muitas crianças chegam para tratamentos em estágios avançados da doença. “Muitos com comorbidades, além do impacto adverso das condições socioeconômicas desfavoráveis na aderência ao tratamento”, afirma.
A tecnologista da Divisão de Vigilância e Análise de Situação, Marceli Santos, destaca uma grande diferença entre o câncer em adultos e crianças. Nos adultos, a doença pode estar relacionada ao estilo de vida, enquanto nas crianças não há medidas para ser evitado. “Logo, o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura dos pacientes e diminuir os efeitos tardios relacionados ao tratamento”, explica.
O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com locais especializados para o atendimento de pacientes diagnosticados, como, por exemplo, as Unidades de Assistência de Alta Complexidade (Unacon) e os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon).
Os Unacons são hospitais com recursos adequados para a prestação de assistência especializada de alta complexidade, como o diagnóstico definitivo e tratamento dos cânceres mais prevalentes no Brasil.
Já os Cacons são hospitais para a prestação de assistência de alta complexidade, não necessariamente apenas os cânceres raros e infantis.
O conhecimento sobre a doença é essencial para que os pequenos pacientes consigam ajudar no próprio tratamento. Especialistas da área de onco-hematologia do Hospital Federal da Lagoa (HFL), unidade do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro e referência no tratamento de câncer pediátrico, desenvolveram um método para falar sobre o diagnóstico.
“A criança tem o direito de comunicação de sua condição”, afirma a médica oncologista Soraia Rouxinol. “De frente para o paciente, para a sua família, nossa primeira frase sempre é: "o que você sabe sobre o que você tem"? E a gente deixa falar, deixa perguntar. Muitas perguntas vão surgindo ao longo do tratamento e a gente responde a todas, observando, claro, o conhecimento que a idade já permite ter, suas vivências pessoais e culturais, e até o jeito como a família conversa com ela. São crianças que a gente vai acompanhando de zero até 18 anos, até quase a vida adulta”, explica.
Com um diagnóstico sério como câncer, as crianças não podem deixar, por exemplo, de engolir os comprimidos a elas entregues. Além disso, precisam se sujeitar a longos tratamentos e se cuidar inclusive para não se machucar, o que pode levar a outras complicações.
A equipe estabeleceu como prática reunir o médico que acompanha o tratamento e um outro colega, como o psicólogo, para atuar como um observador. O método ali desenvolvido utiliza como base o protocolo S.P.I.K.E.S (Six-step Protocol for delivering bad news – Protocolo de seis passos para dar más notícias), mas avança adequando a conduta dos profissionais às particularidades de cada paciente e de sua família.
A comunicação da doença jamais ocorre em corredores, mas em uma salas reservadas. Jamais é feita com celulares da equipe ligados. Juntos, pais e equipe, vão estabelecendo como e quando contar à criança ou ao adolescente, o que pode demorar alguns dias, até os familiares se restabelecerem do choque inicial. Mas o tratamento começa de imediato, assim que há o diagnóstico. Por isso, o momento de contar a verdade não pode demorar demais.
“A gente prefere que a criança não assista a reação dos pais. Eles, os pais, podem se desesperar”, observa a psicóloga Patricia Barbosa, da área de onco-hematologia pediátrica. “E também não contamos para as crianças sozinhas com os profissionais. É importante nesse momento ter junto alguém de muito vínculo com elas. Por isso, damos um tempo para os pais se recuperarem um pouco da notícia, pensarem e construírem conosco a forma como contar. É fundamental dar esse tempo de reflexão a esses pais”.
Diversos locais contam com o apoio de voluntários que dedicam seu tempo em prol de atividades recreativas e educativas para os pacientes.
A Área de Ações Voluntárias do Inca, por exemplo, conta com uma sala ampla de recreação infantil, onde as crianças podem brincar e participar de atividades educativas enquanto aguardam consultas e exames.
O projeto realiza de forma recorrente atividades com voluntários e funcionários vestidos de princesas e heróis. As atividades acompanham as crianças em momentos de exames radiológicos com o objetivo de evitar a sedação desnecessária.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Câncer infantil: conheça os sinais de alerta para a doença no site CNN Brasil.