Pacheco tem sido pressionado a abrir a CPI pela oposição e até mesmo por membros de partidos que integram a base. Apesar de continuar defendendo a viabilidade regimental, ainda pretende levar a discussão às lideranças para definir o “momento e conveniência” dos trabalhos.
Enquanto isso, a autora do requerimento para a CPI, senadora Soraya Thronicke (União-MS), entrou com um pedido junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Pacheco seja obrigado a ler o pedido de instalação da comissão.
Dentro do próprio PT, ainda não foi fechada uma posição de bancada. O senador Humberto Costa (PT-PE) também espera orientação para se pronunciar.
“Estamos aguardando uma decisão da bancada. Queremos, com CPI ou sem CPI, que os culpados pelo ataque à Democracia e aos Três Poderes sejam punidos”, comenta Paulo Paim.
Líder da maioria no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) tem sustentado a necessidade da instalação e apoio da base do governo. Para ele, também é papel do Legislativo conduzir as investigações, sobretudo, porque a instituição foi alvo dos ataques.
No início do ano legislativo, mesmo em meio às divergências sobre a necessidade da instalação, Calheiros defendeu que a abertura da CPI “é o melhor caminho”.
Junto à base, Calheiros articula que, caso os aliados de Lula se coloquem contra a instalação, a CPI pode servir como instrumento da oposição para colocar o governo federal no centro das discussões. “Até porque, quem não faz [CPI] leva”, disse, após a reeleição de Pacheco.
Em meio à possibilidade de esvaziamento das adesões ao pedido de abertura da CPI no Senado, cresce a movimentação para a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), sugerida pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE).
A proposta já possui adesão suficiente dos senadores e está próxima de completar o número de assinaturas mínimas por parte dos deputados. Não há nenhuma adesão por parte da federação que integra o PT.
“Por que o Lula tem tanto medo de uma investigação? O que ele está escondendo? Por que sigilo nas câmeras do Palácio do Planalto no dia das invasões?”, questiona André Fernandes.
Para Fernandes, não há, “até agora, absolutamente nenhuma assinatura dos deputados do PT, PSOL, PCdoB e cia”.
Além de Lula, o ministro da Justiça, Flávio Dino, também defende que uma eventual CPI para investigar os atos extremistas ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília, não tem funcionalidade, uma vez que há investigações no Poder Judiciário.
Um dos grandes articuladores a favor da CPMI, Marcos do Val (Podemos-ES) argumenta que a investigação é necessária para tirar o sigilo de documentos que, segundo ele, comprovam omissão por parte de Lula e do ministro da Justiça, Flávio Dino, quanto aos ataques extremistas de 8 de janeiro. “Não vou recuar. Meu objetivo é provar prevaricação dos ministros e do atual presidente da República”.
O senador Luis Heinze (PP-RS) pontua que a CPMI pode, inclusive, servir para avaliar prisões de extremistas.
“O Brasil quer saber nome e sobrenome de todos os responsáveis. O Brasil tem hoje quase mil presos políticos, grande parte de forma arbitrária”, diz Luis Heinze.
A bancada do PL assinou, em peso, o requerimento para a CPMI. No entanto, ainda aguarda uma reunião de bancada para intensificar a pressão pela abertura dentro do Congresso.
Fonte: R7