Miguel é a nona criança que Vânia, seu marido e filha recebem para amparar temporariamente enquanto o processo da guarda definitiva caminha. Dos nove, duas crianças foram adotadas, uma retornou para a mãe biológica e as demais foram para algum ente da família de origem, como avó e tia. “Só não tenho o contato de um porque a família não quis passar”.
IMG-20220513-WA0072 -1foto lar temporariofamílias acolhedoras0Vânia já acolheu pequenos vítimas de violência, abandonadas e com pais usuários de drogas que de alguma forma colocaram a criança em situação de vulnerabilidade. Os encaminhamentos são feitos pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). No caso da criança que sofreu violência, Vânia passou a ser madrinha e mantém laços. “Uma vez por mês, mais ou menos, ele vem aqui passar um final de semana”.
“Para mim, é como um filho mesmo”, conta Vânia, que está desde o início do projeto, em 2019, cadastrada para acolher as crianças. O programa garante a meninos e meninas de até 6 anos em situação de vulnerabilidade um lar que sejam acolhidos por até 18 meses. No caso do recém-nascido, é feito o exame de DNA para localizar parentes biológicos que tenham o interesse em cuidar.
“Não tem como não se apegar. A gente se apega, sofre quando vai embora, mas é um processo que tem que pensar no melhor para aquela criança. É garantir enquanto estiver com a gente”, desabafa a aposentada.
“Tem criança que acha uma família tão amorosa, que vai cuidar e amar tanto que eu não tive coragem nem de chorar quando foi embora. É um amor desapegado, só pensando naquela criança”, comenta.
Assim como Vânia, a empresária Isabela Leal, 40, também faz parte do projeto. Ela tem dois filhos, um de 11 e outro de 7, e já acolheu três bebês pelo programa. “A família precisa estar toda envolvida”. Ela conta que explica aos filhos que vão ganhar um irmão temporário. “É um processo que tem início, meio e fim e a gente trabalha isso desde o primeiro dia”, acrescenta.
O programa conta com 20 famílias cadastradas, mas a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), em parceria com o Aconchego – Grupo de Apoio à Convivência Familiar e Comunitária – abriu nesta semana para que mais 65 possam se candidatar. No momento, 45 crianças estão aptas e à espera desses lares.
O número, contudo, ainda não é suficiente. De acordo com o TJDFT, são 98 crianças da faixa etária de 0 a 6 anos em entidades de acolhimento no DF. “Quando há a necessidade de vaga e não há família acolhedora disponível, a Vara da Infância encaminha a criança para uma das entidades de acolhimento do DF que recebem crianças nessa faixa etária”, informou o tribunal em nota.
De acordo com a Sedes, as crianças que participam do programa são afastadas do convívio familiar por medida judicial, devido a violações de direitos. Na maioria dos casos, ela deve voltar para esse meio – chamado de família original. “A criança vai para um lar enquanto os pais delas são acompanhados por outras políticas. A prioridade é viabilizar o retorno da criança ao convívio com a família de origem ou, na impossibilidade, encaminhamento para a adoção”, afirmou a pasta em nota.
As famílias interessadas em participar devem preencher os seguintes critérios:
– morar no Distrito Federal;
– ser maior de 18 anos;
– não estar cadastrado no Cadastro Nacional de Adoção;
– ter disponibilidade afetiva e emocional e habilidade para ser cuidador;
– e não ter antecedentes criminais.
Vale ressaltar que todas as configurações familiares podem participar do projeto. As inscrições podem ser feitas pelo site do grupo Aconchego. As famílias cadastradas recebem uma ajuda de custos no valor de R$ 456,50 durante os meses que estiver com a criança.
Serviço
Aconchego – Grupo de Apoio à Convivência Familiar e Comunitária
aconchegodf.org.br
3963-5049 e 3964-5048
[email protected]
SHIGS Quadra 709, Bloco M, Casa 04, Asa Sul – Brasília / DF
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