Assim que o inventário foi aberto, Edinho pediu oficialmente para assumir a missão, alegando que estava na posse e na administração dos "bens do inventariado".
A juíza Suzana Pereira da Silva, da 2ª Vara de Família e Sucessões de Santos, no entanto, negou o pleito.
Ela alegou que a viúva seria a primeira na ordem de nomeação legal, e determinou que Márcia fosse ouvida sobre o interesse em assumir a missão.
A viúva decidiu abrir mão de seu direito em nome da conciliação da família, segundo o advogado Luiz Kignel, do PLKC Advogados, que a representa no processo.
"A Márcia acha que o bem maior a ser preservado é a boa convivência da família, e a memória de Pelé. Isso está acima de tudo para ela", afirma Kignel.
Os irmãos de Edinho não se opuseram ao pedido dele de ser o inventariante, e a Justiça deve então sacramentar seu nome na função.
O ex-craque morreu em dezembro, aos 82 anos, vítima de um câncer.
Márcia e o craque se casaram em julho de 2016. O ex-jogador já tinha 75 anos.
Como a lei obriga todas as pessoas que têm mais de 70 anos a se casarem no regime de separação obrigatória de bens, Márcia não teria direito à herança depois da morte do marido.
Pelé, no entanto, deixou um testamento, assinado em 2020, destinando 30% de todos os seus bens a ela –e especificou justamente a casa dele no Guarujá como bem que deve ficar com Márcia.
O patrimônio do craque deve ser ainda dividido entre seis filhos e os dois netos de sua filha Sandra, que morreu de câncer em 2006.
Desta forma, a viúva será a principal herdeira. Cada um dos demais deverá ficar com cerca de 10% do total dos bens.
Pelé admitiu ainda em seu testamento que pode ter uma outra filha, fruto de um relacionamento com Maria do Socorro Azevedo, que movia uma ação na Justiça para que ele reconhecesse a paternidade.
Os herdeiros de Pelé já foram orientados a se submeter a um exame de DNA para, em caso positivo, agilizar o reconhecimento e o andamento do inventário.