O Rio Grande do Norte continua vivendo dias de caos e terror, com ataques organizados de bandidos a pelo menos 14 cidades do Estado, incluindo a capital Natal, desde a noite da última segunda-feira, 13. Há registros de criminosos disparando tiros contra prédios de instituições públicas e ateando fogo em carros e ônibus parados nas ruas. A situação permanece longe da normalidade mesmo com a presença de mais de 200 homens da Força Nacional e outros 30 agentes penitenciários federais, que foram enviados ao Estado na terça-feira, 14. Até o momento, 57 suspeitos foram presos, sendo um deles um adolescente, oito foragidos da Justiça recapturados, dois tornozelados e um ferido, que foi encaminhado a uma unidade de saúde. Além das detenções, foram apreendidas 15 armas de fogo e quatro simulacros, 46 artefatos explosivos, dez galões de gasolina, cinco motos, dois carros, além de dinheiro, drogas e munições. As ações policiais deixaram dois mortos, sendo um suspeito de realizar atos de vandalismo e o outro um líder de uma facção do Estado. Uma terceira vítima, um comerciante inocente, ainda não tem relação direta com a onda de violência, segundo a polícia, que investiga a morte.
Segundo o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do RN, coronel Francisco Canindé, a onda de violência foi motivada por insatisfações de presidiários com o sistema carcerário, tendo sido comandada de dentro das prisões. “Algumas lideranças de organizações criminosas estão reclamando com o tratamento dado dentro do sistema prisional. O sistema prisional do Rio Grande do Norte é um sistema controlado dentro dos presídios, e muitas dessas pessoas querem benefícios. A Lei de Execução Penal está sendo cumprida no RN, então o que for a mais não está dentro do ordenamento jurídico”, afirmou. Além disso, ele disse acreditar ainda que as ações criminosas também tenham sido realizadas em resposta a uma operação policial realizada há 15 dias, com grandes apreensões de drogas e detenções de líderes de facções.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, atendeu a um pedido da governadora Fátima Bezerra (PT) e autorizou, na noite desta quarta, 15, que seja feito o emprego da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária no RN, segundo ele, não se trata de uma intervenção federal no Estado, mas de um apoio ilimitado ao governo estadual. “Esse apoio é ilimitado. Nós estamos chegando com outros contingentes, vamos chegar a 220 integrantes. Inclusive o comandante da Força Nacional está lá no RN. O secretário nacional de Segurança Pública também vai lá nesta semana. Tenho falado com a governadora duas, três, vezes por dia. Se for necessário colocar 400, 500, 600, 800 policiais, nós vamos colocar, para apoiar o RN, porque nós não vamos permitir que territórios sejam entregues a práticas criminosas”, afirmou o ministro em entrevista à CNN Brasil na noite da quarta.