O presidente da França, Emmanuel Macron, aprovou a força, nesta quinta-feira, 16, a polêmica Reforma da Previdência, sem o voto dos deputados. Por meio de um artigo da Constituição francesa, ele quer aumentar a idade para a aposentadoria no país europeu. Após a notícia, a França começou a registrar protestos violentos. A polícia precisou intervir com canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar milhares de manifestantes reunidos na Praça da Concórdia, em Paris, perto da Assembleia Nacional, para protestar contra a reforma e a polêmica adoção. “Estou farto. Estamos nos mobilizando há semanas e a única resposta do governo é usar” o artigo 49.3 da Constituição, que permite contornar o Parlamento, lamentou o estudante de ciências políticas, Ruben, de 20 anos. Em meio aos gritos da oposição de esquerda, que cantava a Marselhesa, o hino nacional francês, a primeira-ministra Elisabeth Borne teve que forçar a voz na Assembleia Nacional para anunciar o uso do artigo. “Até o último minuto, fizemos todo o possível para garantir uma maioria para este texto. Mas as contas não batiam”, explicou Borne, confirmando a ativação do artigo 49.3 em “comum acordo” com Macron. Apesar da reprovação de dois a cada três franceses, segundo as pesquisas, o presidente francês pretende aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e adiantar para 2027 a exigência de 43 anos de contribuição – e não 42 como até agora – para garantir a aposentadoria integral. Durante o Conselho de Ministros que autorizou o uso do 49.3, Macron avaliou que não podia jogar “com o futuro do país” e que “os riscos financeiros e econômicos eram muito grandes” para perder a votação, segundo participantes da reunião.